08/11/2024
– Uma pesquisa com a espécie Echinogammarus marinus,
conhecida por habitar águas europeias, demonstrou que os
produtos químicos usados nos plásticos, estão
interferindo na formação de pares desses animais durante
o acasalamento.
Segundo uma pesquisa publicada na
revista Environmental Pollution, os resíduos plásticos
presentes nos oceanos, além de atrapalharem a alimentação
dos animais marinhos, estão impactando a vida sexual de crustáceos
da espécie Echinogammarus marinus, que são semelhantes
a camarões.
Conhecidas por formarem pares e ficarem
juntas geralmente por dois dias durante o acasalamento, a espécie
é comumente encontrada em águas europeias e são
fontes de alimento para peixes e aves.
O professor Alex Ford, em uma declaração
da Universidade de Portsmouth, destacou as graves consequências
que ocorre ao não acontecer o acasalamento, afetando possivelmente
a população como um todo. Ele observou que normalmente
estes animais formam pares para se reproduzir, porém, quando
expostos a produtos químicos, acabam se separando dos seus
parceiros, e levam significativamente mais tempo - às vezes
dias - para se recuperar, e em alguns casos, nem mesmo conseguem
se recuperar completamente.
A adição de produtos
químicos aos plásticos é comumente usada para
torná-los mais flexíveis, adicionar cor e proteção
extra. Com objetivo de descobrir quais toxinas estão sendo
liberadas no mar, pesquisadores da Universidade de Portsmouth, testaram
quatro produtos químicos encontrados em plásticos:
os ftalatos (DEHP e DBP), usados em suprimentos médicos,
embalagens de alimentos e brinquedos; o fosfato de trifenil (TPHP),
com finalidade principal de retardador de chamas em produtos; eN-butil
benzenossulfonamida (NBBS), presente em nylon, dispositivos médicos,
utensílios de cozinha e filmes.
A autora principal do estudo, Bidemi
Green-Ojo, explica a escolha desses quatro aditivos, destacando
que a suspeita de perigo que estes representam para a saúde
humana está amplamente documentada. Ela observou que a escolha
desses produtos químicos (DHP e DEHP) é regulamentada,
mas não são permitidos em produtos na Europa, enquanto
os outros dois não têm restrições atualmente
e são encontrados em diversos produtos domésticos.
A partir da seleção destas substâncias a equipe
de pesquisadores expôs pares de Echinogammarus marinus, a
cada produto químico. Depois de expostos estes animais foram
monitorados por quatro dias, para cronometrar quanto tempo a espécie
levava para acasalar.
Durante os estudos foi possível verificar que dois dos produtos
químicos prejudicam a concentração de esperma
dos crustáceos, gerando um declínio de até
de 60% na contagem de esperma, daqueles expostos a níveis
elevados dos produtos químicos. Assim, ou estes demoravam
mais tempo do que o normal para se emparelhar novamente ou até
mesmo não voltavam a se unir.
Ford sugeriu que se o experimento
fosse realizado com crustáceos expostos por um período
prolongado ou durante os estágios mais críticos da
sua história de vida, poderia acabar impactando nos níveis
e na qualidade do esperma. Bidemi Green-Ojo ressalta que mudanças
de comportamento podem diminuir significativamente as suas chances
de sobrevivência dos animais.
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay
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