09/04/2025
– Para muitos brasileiros, o ato de colocar o saco de lixo
na porta de casa marca o fim do ciclo de consumo, mas esse resíduo
percorre um longo caminho até seu destino. O Brasil ainda
enfrenta problemas significativos com o descarte inadequado de lixo,
o que contamina rios, solos, mares e afeta até mesmo o clima.
Segundo a Associação Brasileira de Resíduos
e Meio Ambiente (Abrema), cerca de 40% do lixo produzido no país,
ou aproximadamente 32 milhões de toneladas, é descartado
de maneira irregular.
“Para muitas pessoas, o lixo
é visto como algo mágico que desaparece depois de
ser descartado”, afirma Caio Fontana, professor de engenharia
ambiental da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
e coordenador executivo de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
da Fundação Vanzolini. Fontana destaca a falta de
conscientização pública sobre a responsabilidade
do descarte correto e a importância de tratar os resíduos
como parte do ciclo de vida dos produtos adquiridos.
O Brasil dispõe de cooperativas
e empresas de reciclagem bem equipadas, mas que frequentemente operam
abaixo de sua capacidade máxima devido à baixa coleta
seletiva. Em muitos casos, a ociosidade na força de trabalho
dessas empresas chega a 60%. O principal problema, segundo Fontana,
está no lixo residencial, onde há uma falta generalizada
de separação adequada entre recicláveis e resíduos
orgânicos. “A cadeia de reciclagem não é
estruturada para processar os recicláveis corretamente”,
afirma o especialista. Além disso, o Brasil ainda enfrenta
um alto consumo de produtos descartáveis e é o quarto
maior consumidor de plásticos do mundo, com apenas 1,2% reciclado,
de acordo com estudos da WWF e do Banco Mundial.
Em outros países, como na Europa
e na Ásia, a conscientização ambiental é
impulsionada por regulamentações que exigem maior
participação da população na gestão
dos resíduos. Na Holanda, os moradores são responsáveis
por levar seus sacos de lixo até contêineres específicos.
Em Portugal, um plano nacional eliminou os lixões em apenas
10 anos. Na comunidade europeia e também no Japão
e na Coreia do Sul, o pagamento de tarifas proporcionais ao volume
de resíduos gerados incentiva os moradores a reduzir a quantidade
de lixo produzido.
“Os brasileiros ainda não
percebem o tema como prioritário”, avalia Jesus Gomes,
CEO da Waste Brasil, a maior feira de gestão de resíduos
e reciclagem da América Latina. “Temos leis, mas que
não são aplicadas adequadamente. Como resultado, muitos
santuários ambientais são contaminados”, completa
Gomes.
Certos materiais, como ferrosos, vidros,
papel e resíduos da construção civil, têm
altas taxas de reciclagem devido ao valor comercial. No entanto,
o plástico, que é amplamente usado no Brasil e em
todo o mundo, apresenta desafios significativos devido aos custos
elevados associados à sua reciclagem. “Para que um
material passe de reciclável para reciclado, precisa ter
viabilidade econômica”, afirma Clineu Alvarenga, presidente
do Instituto Nacional de Reciclagem (Inesfa). Ele defende que todas
as cidades precisam implementar coleta seletiva para minimizar o
uso de lixões.
Alvarenga lamenta que apenas 1,5%
do material coletado pelas processadoras venha de cooperativas e
aponta como barreira a alta tributação às cooperativas.
Ele defende que a reforma tributária deveria oferecer um
tratamento especial para a cadeia de reciclagem, algo que até
agora não aconteceu no Congresso. “A reciclagem foi
deixada de fora da reforma, mostrando que o discurso é um,
mas as ações são outras”, diz Alvarenga.
À medida que o país
se aproxima do compromisso global de proteger 30% das terras e águas
até 2030, espera-se um aumento significativo na área
de AMPs. A pesquisa sugere que o sucesso desse esforço depende
não apenas da expansão das zonas protegidas, mas também
do fortalecimento da gestão e fiscalização
nas áreas já existentes. “Com estratégias
bem pensadas e baseadas em evidências, podemos transformar
o descarte de lixo em um processo mais sustentável”,
finaliza Caio Fontana.
Da Redação, com
informações de agências de notícias
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial.
Fotos: Reprodução/Pixabay
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