30/05/2025
– Os microplásticos, já detectados em diversos
locais ao redor do mundo e em diferentes órgãos humanos,
também estão presentes na atmosfera, onde podem impactar
o clima. Um estudo publicado na revista Environmental Science and
Technology, realizado por cientistas da Universidade Estadual da
Pensilvânia (Penn State), revelou que esses microplásticos
contribuem para a formação de cristais de gelo nas
nuvens. Miriam Freedman, uma das autoras do estudo, afirmou que
essa descoberta sugere que os microplásticos podem afetar
a previsão do tempo, influenciando os padrões de chuva.
A formação desses cristais de gelo pode impactar a
formação das nuvens e, consequentemente, representar
um risco para a segurança da aviação.
“Ao longo das últimas
duas décadas de pesquisa sobre microplásticos, os
cientistas têm descoberto que eles estão em todo lugar.
Então, esta é outra peça desse quebra-cabeça.
Agora está claro que precisamos ter uma melhor compreensão
de como eles estão interagindo com nosso sistema climático,
porque fomos capazes de mostrar que o processo de formação
de nuvens pode ser desencadeado por microplásticos”,
disse Freedman, em comunicado.
No laboratório de pesquisa,
foi criado um ambiente controlado para estudar o processo de congelamento,
utilizando diferentes tipos de microplásticos, como polipropileno
(PP), polietileno de baixa densidade (LDPE), cloreto de polivinila
(PVC) e tereftalato de polietileno (PET), este último amplamente
usado na fabricação de garrafas plásticas.
Os cientistas suspenderam esses plásticos em gotas de água
e, em seguida, resfriaram-nas para analisar o impacto dos microplásticos
na formação de gelo.
Os resultados mostraram que as gotículas
de água com microplásticos congelaram a uma temperatura
de 5°C a 10°C mais alta do que as gotículas sem partículas.
Heidi Busse, autora principal do estudo, explicou que uma gotícula
de água pura, sem impurezas como poeira, bactérias
ou plásticos, congela a cerca de -38°C. No entanto, a
presença de defeitos nas gotas, causados pelas partículas,
facilita a formação de uma estrutura de gelo, fazendo
com que elas congelem a temperaturas mais elevadas.
“No caso dos nossos microplásticos,
50% das gotículas foram congeladas em menos 22ºC para
a maioria dos plásticos estudados. Acontece que se você
introduzir algo insolúvel, você introduz um defeito
naquela gotícula, e ela pode nuclear gelo em temperaturas
mais quentes”, afirma Busse.
Freedman, no entanto, afirmou que
a equipe ainda não sabe exatamente o que essas descobertas
significam para o clima. No entanto, os pesquisadores já
têm certeza de que os microplásticos estão causando
algum impacto climático. “Sabemos que o fato de microplásticos
poderem nuclear gelo tem efeitos de longo alcance, só não
temos certeza ainda de quais são. Podemos pensar sobre isso
em muitos níveis diferentes, não apenas em termos
de tempestades mais poderosas, mas também por meio de mudanças
na dispersão da luz, o que pode ter um impacto muito maior
em nosso clima”, evidencia Busse.
“Quando os padrões de
ar são tais que uma gota é levantada para a atmosfera
e esfria, é quando os microplásticos podem estar afetando
os padrões climáticos e formando gelo nas nuvens.
Em um ambiente poluído com muito mais partículas de
aerossol, como microplásticos, você está distribuindo
a água disponível entre muito mais partículas
de aerossol, formando gotas menores ao redor de cada uma dessas
partículas", diz Freedman em comunicado.
"Quando você tem mais gotas, você tem menos chuva.
Mas como as gotas só chovem quando ficam grandes o suficiente,
você coleta mais água total na nuvem antes que as gotas
sejam grandes o bastante para cair. Como resultado, as chuvas são
mais pesadas quando elas chegam”, explica.
As nuvens desempenham um papel importante
no clima, refletindo a radiação solar para resfriar
a Terra, mas algumas podem reter a energia emitida pelo planeta,
causando aquecimento. O efeito das nuvens, seja de resfriamento
ou aquecimento, depende da quantidade de água líquida
e de gelo que elas contêm. Além disso, a interação
entre gases, vapores e partículas na atmosfera pode ser alterada
pelo envelhecimento ambiental e por processos fotoquímicos
naturais. Para investigar isso, os pesquisadores realizaram um experimento
expondo microplásticos à luz, ozônio e ácidos,
simulando o envelhecimento ambiental para analisar como esse processo
afetaria a formação de gelo.
Embora todos os plásticos tenham
a capacidade de formar gelo, o envelhecimento diminui essa característica,
especialmente nos plásticos LDPE, PP e PET. No entanto, o
PVC apresenta um aumento dessa capacidade à medida que envelhece,
devido a mudanças em sua superfície. No futuro, os
pesquisadores pretendem investigar como os plásticos mais
comuns podem impactar a atmosfera terrestre.
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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