12/06/2025
– Durante a Conferência da ONU sobre o Oceano (UNOC),
realizada em Nice, França, mais de 95 países assinaram
o "Apelo de Nice", uma declaração que defende
a criação de um tratado global, ambicioso e juridicamente
vinculante contra a poluição plástica. O Brasil
não aderiu ao documento, evidenciando as divergências
nas negociações internacionais, especialmente após
o fracasso das discussões na Coreia do Sul em 2024, marcadas
por conflitos entre países que apoiam a redução
da produção de plásticos e grandes produtores
de petróleo.
O Apelo de Nice estabelece cinco metas
centrais, apresentadas durante a Conferência da ONU sobre
o Oceano, que, segundo os países signatários, são
fundamentais para garantir que o futuro tratado global sobre plásticos
seja eficaz e esteja à altura da gravidade da crise ecológica.
Redução da produção
e consumo de plásticos: Estabelecer metas globais para diminuir
a produção e o uso de plásticos primários,
com ajustes periódicos e obrigatoriedade de reportar dados
sobre produção e comércio.
Eliminação de produtos
e substâncias problemáticas: Proibir plásticos
e substâncias químicas com alto impacto ambiental,
com base em uma lista global atualizável, respeitando as
realidades de cada país.
Design sustentável de produtos
plásticos: Exigir melhorias no design de plásticos
para reduzir o uso de matérias-primas virgens, aumentar a
reciclagem e reutilização, e minimizar os impactos
ambientais.
Financiamento e implementação:
Criar um fundo financeiro robusto, com recursos públicos
e privados, para apoiar especialmente os países em desenvolvimento,
seguindo o princípio do poluidor-pagador.
Tratado dinâmico e científico:
Garantir que o tratado possa evoluir com base em novas evidências
e tecnologias, permitindo decisões mesmo sem consenso total,
dentro dos processos da ONU.
O documento do Apelo de Nice alerta
que um tratado baseado apenas em medidas voluntárias ou que
não considere todo o ciclo de vida dos plásticos será
insuficiente para combater a poluição. Por isso, pede-se
aos membros do Comitê Intergovernamental de Negociação
(INC) que aproveitem a oportunidade histórica para concluir
um tratado ambicioso, universal e juridicamente vinculante, em benefício
do planeta e das futuras gerações. As negociações
devem ser retomadas em agosto, em Genebra. O Secretário-Geral
da ONU, António Guterres, reforçou a urgência
do tema, destacando que mais de 400 milhões de toneladas
de plástico são produzidas anualmente, com um terço
sendo de uso único, e que diariamente mais de 2.000 caminhões
de resíduos plásticos são despejados em corpos
d’água.
Embora seja copresidente de um dos
grupos preparatórios do tratado, o Brasil não assinou
o Apelo de Nice, alegando preocupações com a equidade
nas obrigações do futuro acordo. O governo brasileiro
defende um tratado ambicioso, mas com diferenciação
clara entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, especialmente
em relação à capacidade de implementação
e acesso a financiamento. A falta de propostas concretas de apoio
financeiro foi um dos principais motivos para a recusa. Além
disso, o Brasil defende um tratado dinâmico e adaptável,
considerando que um acordo fixo e restritivo poderia limitar sua
eficácia e dificultar a adesão global.
O posicionamento do Brasil como um
dos maiores produtores de petróleo influencia sua decisão
de não assinar o Apelo de Nice, já que a produção
de plásticos está diretamente ligada à indústria
petrolífera. Apenas três grandes produtores —
Noruega, Canadá e México — aderiram ao documento,
e há receios de que metas para redução da produção
de plásticos, defendidas por países como os da União
Europeia, sejam impostas sem compensações econômicas.
A ausência do Brasil e de outros produtores, como Líbia
e Iraque, revela o desafio de conciliar ambições ambientais
com interesses econômicos. A próxima rodada de negociações,
em agosto, será crucial, e o sucesso do tratado dependerá
da disposição dos países em superar impasses
históricos e priorizar a proteção do planeta
e dos oceanos.
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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