06/08/2025
– Essa avaliação do órgão de comércio
e desenvolvimento da ONU, UNCTAD, vem em uma atualização
publicada na quinta-feira antes da rodada final de negociações
para desenvolver um instrumento internacional juridicamente vinculativo
contra a poluição por plástico.
“Embora os plásticos
estejam diretamente ligados à tripla crise planetária
– poluição, perda de biodiversidade e mudanças
climáticas – ainda não existe um tratado internacional
abrangente que regule sua composição, design, produção,
comércio e descarte”, afirmou a UNCTAD.
Poluindo nossos oceanos
Em 2023, a produção de plástico atingiu 436
milhões de toneladas métricas em todo o mundo, com
o valor comercializado ultrapassando US$ 1,1 trilhão. Também
representou 5% do comércio total de mercadorias.
No entanto, 75% de todos os plásticos
já produzidos se tornaram resíduos, a maior parte
dos quais acabou nos oceanos e ecossistemas do mundo.
Essa poluição também ameaça os sistemas
alimentares e o bem-estar humano, especialmente em pequenos países
insulares e costeiros em desenvolvimento, com capacidade limitada
de lidar com a situação.
Apoio a substitutos
A UNCTAD está defendendo medidas tarifárias e não
tarifárias para apoiar substitutos plásticos ecologicamente
sustentáveis, que geralmente são derivados de fontes
naturais, como minerais, plantas ou animais, e podem ser reciclados
ou transformados em composto.
O comércio global desses substitutos atingiu US$ 485 bilhões
em 2023, com um crescimento anual de 5,6% nas economias em desenvolvimento.
A expansão exigirá ações para enfrentar
os desafios relacionados a medidas tarifárias e não
tarifárias, acesso limitado ao mercado e incentivos regulatórios
fracos.
Disparidades tarifárias
A UNCTAD explicou que a redução de tarifas sobre produtos
de plástico e borracha nos últimos 30 anos –
de 34% para 7,2% – os tornou “artificialmente baratos”.
Enquanto isso, alternativas como papel, bambu, fibras naturais e
algas marinhas enfrentam tarifas médias de 14,4%.
“Essas disparidades na forma como os materiais são
tratados desencorajam o investimento em produtos alternativos e
dificultam a inovação em países em desenvolvimento
que visam exportar alternativas mais seguras e sustentáveis
aos plásticos baseados em combustíveis fósseis”,
afirmou.
Atualmente, 98% dos plásticos
são derivados de combustíveis fósseis, o que
significa que as emissões e os danos ambientais devem aumentar
se não forem controlados. Em resposta, muitos países
estão adotando medidas não tarifárias, como
proibições, requisitos de rotulagem e padrões
de produtos.
No entanto, essas regulamentações
diferem, levando à fragmentação e ao aumento
dos custos de conformidade. Além disso, pequenas empresas
e exportadores de baixa renda enfrentam dificuldades diante de requisitos
sobrepostos ou inconsistentes, o que afeta sua participação
e seus benefícios no comércio sustentável.
Esperança para negociações
de tratado
Para a UNCTAD, as negociações para o tratado sobre
poluição por plástico são promissoras.
Elas começaram em 2022, com a rodada final ocorrendo na próxima
semana na ONU, em Genebra.
O tratado abrangeria todo o ciclo
de vida dos plásticos – produção, consumo
e resíduos – dentro de uma estrutura justa e abrangente.
A agência da ONU disse que um
tratado bem-sucedido deve incluir medidas tarifárias e não
tarifárias para apoiar substitutos sustentáveis para
o plástico, investimento em gestão de resíduos
e infraestrutura circular, ferramentas digitais para rastreabilidade
e conformidade alfandegária, bem como coerência política
entre as estruturas alcançadas por meio da Organização
Mundial do Comércio (OMC); o secretariado climático
da ONU, a UNFCCC ; a Convenção de Basileia sobre resíduos
perigosos e medidas regionais relacionadas.
Da UN
Fotos: Reprodução/Pixabay
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