07/08/2025
– A produção global de plástico cresceu
de 2 milhões de toneladas em 1950 para 475 milhões
em 2022, segundo relatório da revista The Lancet. A projeção
é que esse número triplique até 2060 —
ou até 2050, segundo outros especialistas —, o que
pode consumir cerca de 25% do orçamento de carbono restante.
O estudo alerta que a reciclagem, que atualmente atinge apenas 9%
dos plásticos, não será suficiente para resolver
a crise da poluição plástica.
Os dados foram divulgados um dia antes
da retomada das negociações em Genebra entre 180 países
para elaborar um tratado contra a poluição plástica,
após tentativas anteriores fracassadas. O avanço das
conversas é dificultado por interesses de governos e corporações
do setor. Inventado no final dos anos 1940, o plástico é
amplamente usado em produtos descartáveis, que geram poluição
e impactos ambientais duradouros. Apesar disso, especialistas veem
poucos sinais de desaceleração na produção.
Cerca de 99% dos plásticos
são feitos a partir de combustíveis fósseis,
e seu processo de produção libera bilhões de
toneladas de gases de efeito estufa, representando mais de 5% das
emissões globais em 2019. Embora pelo menos 140 países
já tenham adotado restrições a plásticos
de uso único, a produção global continua crescendo.
A União Europeia é a única região com
leve redução na capacidade produtiva, mas isso se
deve à transferência da produção para
outros países, motivada pelos altos custos locais.
A China é a maior produtora
de plástico do mundo, responsável por cerca de um
terço da produção global. Segundo relatório,
todos os principais produtores — como EUA, China, África
do Sul, Brasil, Irã e Arábia Saudita — estão
ampliando sua capacidade. Além disso, há aumento da
produção de plástico virgem em países
como Malásia, Vietnã, Tailândia e Indonésia,
impulsionado principalmente por empresas chinesas.
Em 2019, o Brasil foi apontado como
o quarto maior produtor de plástico do mundo, com 11 milhões
de toneladas anuais. Em 2022, esse número subiu para 13,7
milhões de toneladas, o equivalente a 64 quilos por pessoa
no ano, segundo a Abrelpe. Ainda de acordo com a entidade, mais
de 3 milhões de toneladas de resíduos sólidos
são descartadas anualmente nos rios e mares do país
— o suficiente para cobrir mais de 7 mil campos de futebol.
A poluição por plásticos
representa um grave e crescente risco à saúde, com
custos globais estimados em pelo menos 1,5 trilhão de dólares
por ano, segundo estudo da The Lancet. Outra pesquisa indicou que
cerca de 10% das mortes por doenças cardíacas em adultos
de 55 a 64 anos nos EUA podem estar ligadas aos ftalatos, substâncias
químicas presentes nos plásticos. Para o pesquisador
Philip Landrigan, a crise do plástico e a crise climática
já causam doenças, mortes e incapacidades em larga
escala — impactos que tendem a piorar com o aumento da produção
de plástico e o aquecimento global.
Ativistas defendem que a solução
para a crise do plástico começa com a redução
da produção, mas, por anos, o foco esteve em medidas
paliativas, como reciclagem e limpeza. No entanto, apenas cerca
de 9% dos plásticos são reciclados, e muitos nem podem
ser reaproveitados, acabando em aterros, incinerados ou dispersos
como microplásticos no ambiente e até no corpo humano.
O relatório alerta que, ao contrário de outros materiais,
o plástico é difícil de reciclar, e a crise
não será resolvida apenas com reciclagem. Será
necessário investir em pesquisa, leis, políticas públicas,
fiscalização e inovação baseada em ciência.
A principal divergência nas
negociações globais sobre o plástico, realizadas
em dezembro na Coreia do Sul, foi a proposta de reduzir a produção.
Embora a medida levante questões complexas, como a limitação
de novas fábricas, o maior desafio tem sido alcançar
consenso. Mais de 100 países apoiaram a ideia, mas nações
como Rússia, Arábia Saudita, Irã e China bloquearam
a proposta.
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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