08/08/2025
– Mais de 200 lobistas da indústria estão participando
das negociações da ONU em Genebra para a criação
de um tratado global sobre plásticos, levantando preocupações
sobre a influência dessas empresas na tentativa de controlar
a produção desenfreada de plástico. Segundo
análise do Centro de Direito Ambiental Internacional (CIEL),
há 234 representantes de setores como petróleo, petroquímica
e plásticos, número que supera o das delegações
combinadas da União Europeia e é significativamente
maior que o das representações científicas
e indígenas. Além disso, 19 desses lobistas estão
incluídos oficialmente nas delegações nacionais
de países como Egito, Cazaquistão, China, Irã,
Chile e República Dominicana.
Ativistas do CIEL, destacam que mais
de 99% dos plásticos são derivados de combustíveis
fósseis, o que torna as empresas desse setor centrais na
produção de plástico. A presença dessas
empresas nas negociações da ONU, remonta ao histórico
de obstrução em debates climáticos. A crítica
surgiu durante o terceiro dia de uma reunião de duas semanas
iniciada em 2022 para discutir um tratado global sobre plásticos.
Desde então, o número de lobistas industriais presentes
nas negociações tem crescido, assim como as divergências
entre os países participantes.
As negociações para
o tratado global sobre plásticos, que deveriam ter sido concluídas
na quinta rodada em Busan, Coreia do Sul, em dezembro passado, estagnaram
e foram retomadas na Suíça. Os debates esbarram em
pontos-chave como limites à produção de plásticos,
controle de produtos químicos nocivos e financiamento da
implementação do tratado. As nações
estão cada vez mais divididas: mais de 100 países
defendem um acordo ambicioso com metas globais de redução
da produção, enquanto um pequeno grupo de Estados
produtores de petróleo e plástico — incluindo
Rússia, Arábia Saudita e Irã — se opõe
a esses limites e quer focar apenas no combate ao desperdício.
Três dias após o início
da nova rodada de negociações, as divisões
entre os países se intensificaram, com os Estados Unidos
se alinhando ao "grupo com ideias semelhantes", composto
por países como Arábia Saudita e Rússia, que
defendem os interesses da indústria e rejeitam cortes na
produção de plásticos. Fontes indicam que os
EUA estão coordenando suas ações com esses
países, inclusive utilizando linguagem semelhante nas discussões.
Apesar de terem declarado apoio aos cortes de produção
no ano passado, os EUA agora circulam um memorando se posicionando
contra essa medida, o que levanta dúvidas sobre sua postura.
Atualmente, os EUA são o segundo maior produtor mundial de
plásticos.
Segundo uma fonte próxima às
negociações, a delegação dos EUA costumava
se reunir com ONGs, cientistas e representantes da indústria
antes das rodadas, mas, na reunião em Genebra, consultou
apenas a indústria. A fonte criticou a mudança, dizendo
que "essa farsa acabou", mesmo sob um governo democrata,
tradicionalmente mais aberto à sociedade civil. Pouco antes
da divulgação do número de lobistas pela CIEL,
o Conselho Internacional de Associações Químicas
(ICCA) afirmou que 136 representantes da indústria de plásticos,
petroquímica e química estavam presentes nas negociações,
reforçando o peso do setor industrial no processo.
Um porta-voz da ICCA afirmou que os
representantes da indústria são superados pelas mais
de 1.500 ONGs presentes nas negociações, mas grupos
da sociedade civil contestam essa comparação, argumentando
que os lobistas têm muito mais influência. A análise
da CIEL mostra que vários lobistas participam diretamente
de delegações governamentais, com poder de moldar
o texto do tratado, e também influenciam de fora por meio
de eventos paralelos patrocinados pela indústria, com acesso
privilegiado aos negociadores.
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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