12/08/2025
– A Academia Brasileira de Ciências (ABC) lança
o relatório Microplásticos: um problema complexo e
urgente. O documento analisa os efeitos do descarte inadequado do
material e propõe estratégias de combate aos minúsculos
fragmentos que contaminam o meio ambiente, especialmente rios e
oceanos.
Segundo levantamento bibliográfico
dos pesquisadores, o Brasil contribui anualmente com até
190 mil toneladas do volume total de lixo no ambiente marinho. A
estimativa de produção de plástico no mundo
é de 400 milhões de toneladas ao ano, sendo menos
de 10% reciclado.
Cerca de 80% dos resíduos plásticos
que chegam ao mar vêm de atividades realizadas em terra, como
turismo, indústria, ocupação urbana desordenada
e má gestão de resíduos sólidos. Os
outros 20% vêm de atividades realizadas no próprio
mar, como transporte marítimo e pesca.
“Enfrentar a poluição
por microplásticos exige uma ação coordenada
entre governo, setor produtivo, comunidade científica e sociedade.
Precisamos rever estratégias nacionais e investir em educação,
inovação e regulação para proteger a
saúde humana e os ecossistemas”, defende a presidente
da ABC, Helena Nader.
Quando chegam ao oceano, os resíduos
sofrem dispersão por meio de marés, correntes e ventos.
E aí, vêm diferentes impactos ambientais, sociais e
econômicos. Eles podem ser ingeridos por animais marinhos
e outros seres vivos da cadeia alimentar marítima.
Microplásticos também
são encontrados em órgãos do corpo humano,
o que representa riscos à saúde. Estudos encontraram
microplásticos em placentas e cordões umbilicais de
gestantes.
“O relatório propõe um conjunto robusto de ações
concretas, que exigem a atuação coordenada entre governo,
setor produtivo e sociedade. Não podemos mais tratar os plásticos
como descartáveis. É hora de assumir a responsabilidade
pelo ciclo completo desses materiais, desde a produção
até o descarte e a reciclagem”, avalia Adalberto Luis
Val, vice-presidente da ABC para a Região Norte e coordenador
do grupo de trabalho sobre microplásticos.
Estratégias de combate
Para reduzir o impacto desse tipo de poluição, os
pesquisadores propõem seis caminhos:
• Governança: revisar
o Plano Nacional de Combate ao Lixo no Mar de 2019, com reforço
no combate aos microplásticos; fortalecer a discussão
e implementação do Tratado sobre a Poluição
Ambiental por Plásticos;
• Ciência, tecnologia e inovação: aumentar
investimentos em reciclagem no país; reutilizar os produtos
plásticos; substituir polímeros sintéticos
por polímeros biodegradáveis em produtos descartáveis;
• Fomento e financiamento: criar mecanismos de avaliação
de riscos de saúde e demais ações para mitigar
os efeitos da poluição plástica, como usar
nanotecnologia para impulsionar o reaproveitamento do material;
• Capacitação: qualificar catadores, ajudando
na formalização do trabalho, e capacitar professores
em escolas de nível fundamental e médio;
• Circularidade dos plásticos: buscar mudanças
na legislação para tratar do descarte apropriado e
recolhimento de materiais plásticos separadamente;
• Educação ambiental e comunicação:
criar política governamental para estimular a educação
ambiental, especialmente para trabalhadores das fábricas,
empresários e agronegócio; criar campanha sobre descarte
e reciclagem de plásticos.
Da Agência Brasil
Fotos: Reprodução/Pixabay
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