28/08/2025
– Em 1950, a produção global de plástico
era de cerca de 2 milhões de toneladas, enquanto atualmente
é de cerca de 400 milhões de toneladas, um aumento
de quase 20.000%. O plástico é barato, leve e resistente,
com uma ampla gama de aplicações, desde embalagens
até roupas e cuidados com a saúde. No entanto, quando
um item de plástico é descartado, ele pode levar até
500 anos para se decompor. Em vez de desaparecer, o plástico
se fragmenta em microplásticos, que acabam contaminando o
solo, a água e o ar.
Pesquisas associaram microplásticos
a problemas de saúde, como diabetes, doenças cardíacas
e baixa fertilidade masculina. Durante anos, a reciclagem foi vista
como a solução para o acúmulo de resíduos
plásticos, mas, apesar dos esforços de classificação,
a maioria dos plásticos ainda vai para aterros sanitários
ou polui espaços naturais e cursos d'água. Segundo
a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, a taxa
geral de reciclagem de plásticos é de apenas 8,7%,
com cerca de um terço dos jarros de leite e garrafas plásticas
sendo reciclados, uma taxa superior a outros plásticos.
Dado o uso comum do plástico,
encontrar novas formas de gerenciar e reciclar seus resíduos
é cada vez mais crucial. A pirólise de resíduos
plásticos pode ser uma tecnologia promissora para ajudar
a resolver esse problema. Embora seja uma técnica relativamente
nova, os pesquisadores ainda possuem um conhecimento limitado sobre
o processo. Como químicos analíticos, o objetivo é
entender a composição de misturas complexas, como
as geradas pela pirólise de plásticos.
A pirólise de plástico
é um processo químico que decompõe plásticos
em outras moléculas através do aquecimento a altas
temperaturas, sem a presença de oxigênio. Diferente
da reciclagem tradicional, a pirólise não é
limitada a tipos específicos de plástico e poderia
processar diversos tipos, embora, atualmente, a tecnologia seja
mais eficaz para plásticos como polietileno e polipropileno,
usados em embalagens e garrafas, em escala industrial.
A pirólise de plástico
pode ajudar a lidar com resíduos de produtos de consumo,
como sacolas plásticas, garrafas, embalagens, lenços
umedecidos e brinquedos descartados, além de resíduos
mais complexos, como pneus e eletrônicos. No entanto, certos
plásticos, como PVC e poliestireno, são evitados devido
à produção de subprodutos prejudiciais. Durante
o processo, os plásticos são decompostos em moléculas
menores, gerando óleo líquido, gases combustíveis
como metano, propano e butano, e carvão.
O "char" é o resíduo
sólido gerado ao final do processo de pirólise e pode
ser usado como material rico em carbono, aplicável na agricultura
para melhorar a saúde do solo, aumentando a umidade, o pH
e a absorção de nutrientes. Além disso, o char
tem a capacidade de absorver gases de carbono do ar, ajudando a
combater as mudanças climáticas. No entanto, seu uso
excessivo pode aumentar a alcalinidade do solo e prejudicar o crescimento
das plantas. O processo de pirólise de plástico envolve
etapas como a coleta, limpeza e trituração do plástico,
com mínima triagem, em contraste com a reciclagem tradicional.
Recicladores químicos em plantas
de pirólise alimentam plástico triturado em um reator,
onde o aquecem a temperaturas de 315 a 871 graus Celsius, sem oxigênio,
evitando que pegue fogo e libere fumaça. Em vez disso, os
plásticos se quebram em moléculas menores de hidrocarbonetos,
que podem ser refinadas. A alta temperatura também transforma
algumas dessas moléculas em vapores, que se condensam em
óleo líquido, podendo ser usado como combustível
ou matéria-prima para outros produtos. Além do óleo,
o processo gera gases como metano, etano, butano e propano, que
podem ser capturados e usados como energia para alimentar o reator
ou outros processos industriais.
Quando realizada de forma eficaz,
a pirólise de plástico oferece vários benefícios,
como a redução da poluição de resíduos
plásticos em aterros e oceanos. Ela permite expandir a reciclagem
para além de garrafas e jarras de leite, além de ajudar
a diminuir a produção de novos plásticos a
partir de petróleo. Os subprodutos podem ser usados em plásticos
reciclados, e alguns pesquisadores estão testando óleos
de pirólise como alternativa à gasolina para veículos.
Os gases gerados no processo também podem ser usados para
gerar energia, tornando o processo mais autossustentável
e reduzindo a dependência de fontes externas de energia.
Atualmente, cerca de 15% a 20% dos
produtos de pirólise são reciclados em novos propileno
e etileno, enquanto 80% a 85% se transformam em óleo diesel,
hidrogênio, metano e outros produtos químicos. Embora
a pirólise de plástico seja promissora, enfrenta desafios
como o alto custo de instalação e operação
das plantas, além da dependência da disponibilidade
de resíduos plásticos, demanda de mercado pelos produtos
e custos de energia e pessoal. Outro desafio é o controle
de qualidade, pois diferentes plásticos geram óleos
com composições químicas distintas, e os cientistas
precisam entender essas composições para determinar
quais plásticos focar e como usar os óleos para criar
novos materiais.
Pesquisadores da Universidade do Texas
em Arlington e de outras instituições estão
estudando novas técnicas de separação de óleo
usando cromatografia, que pode identificar alguns tipos de óleos
de pirólise. A cromatografia separa os componentes de uma
mistura ao passar por um material rígido, com os diferentes
componentes saindo em momentos distintos. Com mais pesquisas e avanços
tecnológicos, essa técnica pode se tornar uma solução
sustentável para o gerenciamento de resíduos plásticos.
Atualmente, a pirólise já está sendo usada,
com o mercado de plantas de pirólise estimado em US$ 40 milhões
em 2024, e previsão de crescimento para US$ 1,2 bilhão
até 2033.
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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