Todos
pela água
Dos 1,3 bilhão de km3 de água existente
no mundo apenas 2,7% são doce, e desse
total somente 0,01% se encontra nos rios. O Brasil,
que mereceu um farto quinhão na repartição
desse recurso da natureza, possui 13,7% da água
doce do planeta. Mas, um problema, 80% dessas
águas encontram-se na Amazônia. São
Paulo ficou com apenas 1,6% para tocar a locomotiva
da nação, que responde por 35% do
PIB e 22% da população nacionais.
O
cenário se torna um pouco mais cinza se
fecharmos o foco sobre a Região Metropolitana
de São Paulo, que concentra 50% do PIB
e da população estaduais. Aqui,
a carência de água já é
uma realidade. Quase a metade dos 70 m3 por segundo
de água consumida é bombeada do
Rio Juqueri, levando a ameaça de colapso
também para as cidades da bacia do Piracicaba-Capivari-Jundiaí.
A situação, em menor grau, se repete
no Vale do Paraíba e na Baixada Santista.
Trata-se
de um grande mutirão, com oficinas de educação
ambiental, palestras, exposições,
apresentações teatrais e outras
atrações, para incutir o conceito
de sustentabilidade nos consumidores, tanto residenciais
como industriais ou agrícolas. O objetivo
é alterar os hábitos perdulários
como o uso de mangueira para lavar calçadas,
o que significa consumir mais de 250 litros de
água em quinze minutos. Ou sensibilizar
os empresários para refletirem sobre alternativas
sustentáveis como o reuso da água.
Os
participantes serão induzidos a refletir
sobre as responsabilidades individuais e coletivas
na poluição de rios e lagos, a utilização
racional da água e a necessidade de preservação
de matas ciliares, tratamento de esgotos, assoreamento
dos corpos d’água e outras questões,
para garantir a qualidade das águas.
O
saneamento na zona rural
Na
zona rural, vemos com freqüência o
lançamento de esgotos sem nenhum tratamento
no meio ambiente, seja em fossas negras, seja
diretamente nos corpos d’água. Por isso,
é importante a conscientização
das comunidades rurais para a necessidade de se
adotarem medidas para o adequado tratamento dos
efluentes, tanto humanos, como animais, para evitar
a poluição de córregos e
do lençol freático. Desta maneira,
garante-se a qualidade da água captada
para consumo, com custos de tratamento mais reduzidos,
e evita-se o risco de doenças de veiculação
hídrica.
O
esgoto, basicamente, tem 99,9% de água
e 0,1% de sólidos, dos quais 70% são
de matéria orgânica, como proteínas,
carboidratos e gorduras, e os restantes 30% de
minerais, como fósforo, magnésio
e cálcio. O esgoto “in natura” constitui
um excelente meio para a proliferação
de colônias de micróbios, como algas,
fungos e bactérias, que se alimentam da
parte orgânica, produzindo mau cheiro.
Existem
várias alternativas para a destinação
adequada de efluentes na zona rural, de forma
a evitar impactos sobre o meio ambiente. A mais
conhecida é a fossa séptica, construída
em alvenaria ou adquirida pronta em lojas de materiais
de construção, que oferecem produtos
em concreto ou fibra de vidro. Na fossa séptica,
o esgoto proveniente das casas ou dos criatórios
sofre decantação procedendo à
separação dos sólidos e dos
líquidos.
O
lodo que fica depositado no fundo da fossa sofre
a ação de microorganismos anaeróbios,
que vivem na ausência de oxigênio,
procedendo à decomposição
da matéria orgânica produzindo sais,
gás metano (que pode ser reaproveitado
para gerar energia), gás sulfídrico
(responsável pelo mau cheiro) e outros
resíduos. O lodo deve ser retirado pelo
menos uma vez por ano, deixando-se cerca de 20%
do volume para que a colônia de bactérias
se regenere mais rapidamente.
A
parte líquida desse sistema de tratamento
é encaminhada para um poço, denominado
sumidouro, onde é infiltrada no solo. Localizado
em um local seco, a pelo menos 1,5 m acima do
lençol freático, o sumidouro pode
ser construído com tijolos espaçados
ou com anéis de concreto com furos, para
permitir o escoamento da água.
Ao
planejar a construção de um sistema
de tratamento de esgoto, deve-se escolher um local
de fácil acesso para facilitar a limpeza
e a manutenção, sempre a uma distância
segura (15 m no mínimo) do poço
de abastecimento de água ou nascentes e
em nível mais baixo para evitar a contaminação.
Reuso
de água
A
Companhia de Saneamento Básico do Estado
de São Paulo – SABESP capta, trata e distribui
água potável em boa parte dos municípios
paulistas. Ao mesmo tempo, a empresa coleta e
trata os esgotos das cidades contribuindo para
evitar a poluição dos rios. Mas
o que pouca gente sabe é que ela produz
água de reuso ou água destinada
para uma segunda utilização.
A
água de reuso da SABESP é a água
resultante dos processos de tratamento de esgoto,
com a retirada da porção sólida
e devidamente esterilizada, para usos especiais
na indústria, como geração
de energia, refrigeração de equipamentos
e outros, ou na lavagem de pátios e ruas.
Não
deve nunca ser utilizada para fins mais nobres
como a dessedentação, preparo de
alimentos e higienização do homem,
e nem mesmo para fins de recreação
em piscinas ou parques aquáticos. O uso
dessa água para a produção
de alimentos – dessedentação de
animais e irrigação – deve ser feito
após uma criteriosa avaliação.
Trata-se
de uma iniciativa fundamental, especialmente nas
grandes regiões metropolitanas, tanto que
o reuso planejado faz parte da Estratégia
Global para a Administração da Qualidade
da Água proposta pelo Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente e pela Organização
Mundial da Saúde. A razão é
simples: cada litro de água de reuso utilizado
representa igual quantidade de água conservada
nos mananciais.
Embora
não seja viável o consumo de água
de reuso da SABESP nas residências, o conceito
pode ser aplicado de outras formas. Basta imaginar
para onde segue a água após o banho
ou a lavagem de alimentos, pratos, talheres e
roupas. Essa água pode ser armazenada e
utilizada na lavagem de quintais, calçadas
e carros, ou ainda na rega de plantas no jardim.
Outra
dica é o armazenamento da água da
chuva para essas mesmas finalidades, especialmente
na zona rural, não se esquecendo que as
primeiras precipitações contêm
ácidos, microorganismos e outros poluentes
atmosféricos, não devendo ser destinada
para fins mais nobres, a não ser que passe
por um tratamento adequado.
O
reuso de água deve ser considerado como
parte de um programa de uso racional e eficiente
da água, buscando a sustentabilidade no
seu consumo, compreendendo principalmente o controle
de perdas e desperdícios.
Fonte: Secretaria Estadual de Meio Ambiente de
São Paulo