O
uso racional da água
O
que é a água?
A água é um composto formado por dois
átomos de hidrogênio (H) e um de oxigênio
(O), resultando daí a sua representação
química: H2O. Pode ser encontrada na natureza
em três estados físicos: líquido,
que é o caso das chuvas, rios, lagos e oceanos;
gasoso, como nas nuvens e vapores; e sólido,
quando congelado nas geleiras e blocos de gelo.
A
água é, ao lado do ar, um elemento
essencial para a existência de vida no planeta,
desempenhando um papel fundamental nas funções
biológicas de animais e plantas. A sobrevivência
do homem, como a de todos os seres vivos, depende
da água que corresponde a cerca de 75% do
seu peso corporal.
E
não é somente porque mata a sua sede,
mas porque a água está presente em
todas as atividades humanas, desde a higienização
pessoal, até a produção de
alimentos, construção de suas casas,
fabricação dos mais diversos produtos
e como meio de recreação, transporte
e afastamento de dejetos.
Toda
a história da humanidade está vinculada
à água. As grandes civilizações
se formaram junto a grandes rios, como o Tigre e
o Eufrates, na Mesopotâmia, o Nilo, no antigo
Egito, o Indo, onde hoje se localiza a Índia
e o Paquistão, e o Huang He, ou o Rio Amarelo,
na China. Esses cursos dágua, ao se extravazarem
nas cheias, fertilizavam as várzeas e garantiam
safras generosas de alimentos, ofereciam pesca abundante
e constituíam o caminho natural e estratégico
em seus deslocamentos.
As
grandes cidades do mundo têm suas histórias
ligadas a um rio. É o caso de Roma, erguida
às margens do Tibre; Paris, cuja paisagem
tem sempre o Sena ao fundo; e Londres, que tem o
Tâmisa, em cujas margens foram construídos
o Palácio de Westminster e a Torre de Londres,
que são duas das principais referências
da cidade.
São
Paulo, a quarta maior metrópole do mundo,
e o Rio Tietê, igualmente, não permitem
que se conte a história de uma sem falar
do outro. O Tietê, um rio exclusivamente paulista,
foi o caminho por onde se deslocaram os primeiros
bandeirantes que demandavam o interior do país.
O rio foi o grande manancial de abastecimento até
a metade do século XX, espaço de lazer
e recreação e, triste papel de todos
os rios, o meio para o afastamento do esgoto da
cidade.
Por
causa da sua aparente abundância, em suas
diversas formas, a humanidade nunca deu a devida
importância à água, utilizando-a
de forma indiscriminada no abastecimento humano,
produção industrial e agropecuária
e como meio de dissolução de dejetos.
Por
isso, a escassez de água em algumas regiões
do mundo já é realidade. Segundo a
Organização das Nações
Unidas para a Agricultura e Alimentação
FAO, a escassez de água já afeta
1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo, enquanto
outras 500 milhões já começam
a sentir essa ameaça.
Providências
urgentes precisam ser tomadas para reverter a situação,
mesmo no Brasil, onde, apesar da abundância,
a água é distribuída de forma
irregular pelo país. O Estado de São
Paulo já se ressente dessa carência,
especialmente na Região Metropolitana de
São Paulo, que abriga o maior parque industrial
da América Latina.
O
acesso à água potável é
condição básica da democracia,
pois trata-se de um bem fundamental à vida.
É por esse motivo que a Organização
das Nações Unidas, durante a Conferência
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que ficou
conhecida como a Rio 92, elegeu a data de 22 de
março para celebrar o Dia Mundial da Água.
A
preocupação da ONU é de conscientizar
todos os povos do mundo a preservar os mananciais
e utilizar a água de forma racional, sem
desperdícios, para tornar mais justa a sua
distribuição. Em outras palavras,
a água na medida certa.
A
água no mundo
A
água cobre cerca de 75% do planeta, o que
fez o russo Yuri Gagarin, primeiro cosmonauta a
realizar um vôo orbital em torno do planeta,
no dia 12 de abril de 1961, exclamar: A Terra é
azul. Mas essa aparente abundância deve ser
vista com cautela. Segundo estudos de Robert G.
Wetzel, da Universidade da Carolina do Norte, Estados
Unidos, em 1983, o volume de água existente
no mundo é da ordem de 1,380 bilhão
de km3. Mas é preciso considerar que cerca
de 97,5% de toda essa água é salgada,
restando apenas 2,5% de água doce, ou 35
milhões de km3. Deste total, aproximadamente
77,2% encontra-se retida nas calotas polares e em
geleiras, 22,4% no subsolo, 0,35% nos lagos e pântanos,
0,04% na forma de vapores na atmosfera e apenas
0,01% nos rios, ou algo em torno de 126.200 km3,
disponível para o consumo humano imediato.
Distribuição
de água na biosfera e tempo de renovação
O volume de água no
planeta é constante, mas a sua distribuição
entre as várias formas de ocorrência
pode ter se alterado em decorrência do aquecimento
global, sendo provável a redução
das extensões de geleiras e aumentado o nível
dos oceanos.
Outra
questão a ser considerada é a distribuição
geográfica dos recursos hídricos,
extremamente irregular, gerando distorções
culturais e econômicas significativas. Cerca
de 26 países dispõem de menos de mil
m3 de água por ano por habitante, índice
considerado alarmante pela ONU.
Veja
a distribuição desses países
por continente:
- África .............................. 11
países
- Oriente Médio ................... 9 países
- Europa ............................... 4 países
- Antilhas ............................. 1 país
- Extremo Oriente .................. 1 país
Outra
questão que afeta a disponibilidade de água
para abastecimento humano é a poluição.
Alguns países, localizados na porção
final dos cursos dágua, têm fartura
de água mas com a qualidade comprometida
pelos despejos urbanos e industriais ocorridos ao
longo do seu percurso.
Países
de grandes dimensões territoriais, especialmente
os localizados em regiões tropicais, com
intensas precipitações atmosféricas,
são os que apresentam maior disponibilidade
de água. São o caso do Brasil, Canadá,
China, Estados Unidos, Índia e outros, cujos
territórios são entrecortados por
extensas bacias hidrográficas. Em contraposição,
temos países como o Egito, Líbia e
Argélia, na África, e Arábia
Saudita, Síria e Jordânia, no Oriente
Médio, onde a carência de água
constitui motivo de tensão, afetando a estabilidade
política e social na região.
Para a Organização das Nações
Unidas para a Educação, Ciência
e Cultura UNESCO, o acesso à água
potável e ao saneamento básico deve
ser considerado um direito básico do homem.
Mas a realidade não nos permite sermos otimistas.
Dados da própria entidade apontam que, em
2015, cerca de três bilhões de pessoas,
ou 40% da população mundial nessa
data, deverão enfrentar dificuldades para
suprir as suas necessidades, morando em países
sem água suficiente para atender à
demanda na agricultura e na indústria.
Se
o conteúdo de um recipiente de um litro correspondesse
a toda água existente no mundo, a parcela
de água doce equivaleria a um copinho de
café e o volume disponível para consumo
imediato do homem não seria mais umas poucas
gotinhas.
A
água no Brasil
País
tropical, com grande extensão territorial,
o Brasil foi privilegiado pela natureza na disponibilidade
de recursos hídricos superficiais, concentrando
cerca de 12% da água doce do planeta. Os
rios nacionais apresentam uma vazão média
da ordem de 180 mil m3/segundo. Assim, cada brasileiro
dispõe de aproximadamente 34 mil m3/ano per
capita de água, mais dos que os mil m3/ano
per capita que as Nações Unidas
julgam necessários para o homem viver com
conforto, satisfazendo todas as suas demandas.
Mas,
da mesma forma que no mundo, a distribuição
dessa água também se dá de
forma extremamente irregular. Enquanto a bacia do
Rio Amazonas, a mais extensa do planeta, concentra
72% dos recursos hídricos superficiais do
país, a região do semi-árido
nordestino enfrenta escassez de água, com
períodos de seca cíclicos. Se não
considerarmos a bacia do Rio São Francisco,
o Nordeste, que corresponde a cerca de 12% do território
brasileiro, concentra apenas 2% das águas
superficiais do país.
Veja
a distribuição dos recursos hídricos
superficiais no país:
- Região Norte ....................... 68,5%
- Região Centro-Oeste ........... 15,7%
- Região Sul ............................
6,5%
- Região Sudeste ...................... 6,0%
- Região Nordeste .................... 3,3%
A
situação de maior fartura ocorre na
região com baixa ocupação demográfica,
enquanto as áreas mais densamente povoadas,
e com atividades industriais mais intensas, já
experimentam a escassez do produto. Com efeito,
um estudo da disponibilidade per capita mostra
que o habitante da região Norte dispõe
de quase doze vezes mais água do que a média
nacional, enquanto o da região Centro-Oeste
dispõe de um pouco mais do que o dobro. Em
contrapartida, o habitante da região Sul
precisa se contentar com menos da metade e os das
regiões Sudeste e Nordeste com pouco mais
de um décimo.
O
Estado de São Paulo ficou com apenas 1,6%
da água doce do país para tocar a
locomotiva da nação, que responde
por 35% do PIB e 22% da população
nacionais. O cenário se torna um pouco mais
alarmante se fecharmos o foco sobre a Região
Metropolitana de São Paulo, que concentra
50% do PIB e da população estaduais.
Aqui,
a carência de água já é
uma realidade. Quase a metade dos 70 m3 por segundo
de água consumida é bombeada do Rio
Juqueri, levando a ameaça de colapso também
para as cidades da bacia do Piracicaba-Capivari-Jundiaí.
A situação, em menor grau, se repete
no Vale do Paraíba e na Baixada Santista.
Segundo
a Organização Mundial de Saúde
OMS, uma pessoa necessita de, no mínimo,
80 litros diários, ou 2.400 litros mensais,
de água potável para satisfazer as
suas necessidades básicas alimentação
e higiene. A distribuição irregular
da água no país cria distorções
no perfil de consumo, com algumas regiões
se aproximando perigosamente do patamar mínimo.
Veja
o perfil de consumo de água em 25 Estados
(Mato Grosso e Amazonas não figuram na pesquisa):
Consumo
em litros por habitante por dia.
1º - Rio de Janeiro: 231,87
2º - Espírito Santo: 192,83
3º - Distrito Federal: 188,15
4º - Amapá: 174,93
5º - Roraima: 167,17
6º - São Pauloo: 165,67
7º - Minas Gerais: 143,44
8º - Maranhão: 141,88
9º - Santa Catarina: 129,23
10º - Rio Grande do Sul: 128,69
11º - Goiás: 127,03
12º - Paraná: 126,28
13º - Rio Grande do Norte: 115,84
14º - Sergipe: 114,10
15º - Ceará: 113,84
16º - Tocantins: 112,27
17º - Paraíba: 112,08
18º - Bahia: 111,53
19º - Piauí: 107,33
20º - Alagoas: 107,23
21º - Acre: 104,44
22º - Mato Grosso do Sul: 103,03
23º - Pará: 98,28
24º - Rondônia: 96,45
25º - Pernambuco: 85,14
Fonte: SNIS Sistema Nacional de Informações
sobre Saneamento, Ministério das Cidades
Os
usos da água e o ciclo hidrológico
O
uso mais imediato que o ser humano faz da água
é na dessedentação, isto é,
a ingestão de água para satisfazer
as suas necessidades fisiológicas. Mas nas
residências, além de matar a sede,
a água é utilizado no preparo de alimentos,
higienização, saneamento, limpeza
e outras finalidades. Para tais necessidades, a
Organização Mundial de Saúde
OMS recomenda o mínimo de 80 litros de
água por dia por habitante.
Mas
a oferta em volume inferior a 1.000 m3 por ano por
habitante é considerado um patamar crítico
pela ONU. Isto se justifica, pois além das
necessidades do organismo, há o consumo representado
pelos setores industrial, agropecuário e
de serviços, que têm na água
um insumo fundamental. É o caso da mineração,
metalurgia, das indústrias de papel e celulose,
química, e de alimentos e bebidas e outras,
que fazem uso intensitvo da água.
Há
casos em que a água é incorporada
nos produtos e em outros, quando o seu uso se destina
à refrigeração, por exemplo,
em que esse recurso não é consumido
e retorna à natureza. Mas ao retornarem aos
corpos dágua passam a apresentar características
diversas das originais, tornando-se inadequada para
o consumo.
A
natureza, no entanto, dotou o planeta de um grande
sistema de purificação dessa água,
que lançada nos corpos dágua acaba
se diluindo nos oceanos. Trata-se do ciclo hidrológico,
no qual a energia solar se encarrega de promover
a evaporação das águas, especialmente
as do oceano, condensando-as na atmosfera na forma
de nuvens e precipitando-as na forma de chuvas.
Ao atingir o solo, essa água alimentam as
reservas hídricas representadas pelos rios,
lagos, geleiras e lençóis freáticos.
A grande preocupação na gestão
desses recursos é a demanda pela água
superar a capacidade de renovação
da natureza.
Período
de tempo necessário para a renovação
das reservas hídricas do planeta
Local Volume (em mil km3) Tempo de renovação
Oceanos 1.370.000 3.100 anos
Calotas polares e geleiras 29.000 16.000 anos
Água subterrânea 4.000 300 anos
Água doce de lagos 125 1-100 anos
Água salgada de lagos 104 10-1.000 anos
Água misturada no solo 67 280 dias
Rios 1,2 12-20 dias
Vapor d´água na atmosfera 14 9 dias
Fonte: R.G. Wetzel, 1983.
Os
recursos hídricos renováveis correspondem
a cerca de 40.000 km3 por ano, sendo que quase dois
terços desse volume retornam aos oceanos
após as chuvas. O restante é absorvido
pelo solo, infiltrando-se nas camadas superficiais
e depositando-se nos depósitos subterrâneos,
que são as principais fontes de água
dos cursos de água durante as estiagens,
resultando, então, cerca de 14.000 km3 de
suprimento de água. Por isso devem ser concentrados
grandes esforços na gestão dos recursos
hídricos para retardar o retorno das águas
aos oceanos, retendo-a o maior tempo possível
nos continentes.
Simultaneamente,
é necessário implementar políticas
para impedir que a ação antrópica
interfira no ciclo das águas, alterando especialmente
o regime de chuvas. Ações como o desmatamento
para expansão das fronteiras agrícolas
e para extração de madeira, levam
à compactação do solo, prejudicando
a penetração da água no solo
e favorecendo o escoamento superficial, diminuindo
a recarga dos aqüíferos subterrâneos.
A
água constitui um bem econômico, especialmente
nos dias atuais, justificando a cobrança
pelo seu uso, o que já ocorre em diversos
países. Essa sistemática está
sendo implantada no Brasil. Em São Paulo,
já ocorre a cobrança federal e estadual
nas bacias hidrográficas do Piracicaba-Capivari-Jundiaí
e do Paraíba do Sul, devendo ser estendida
às demais bacias.
Em
cada bacia, um comitê formado por representantes
dos diversos setores da sociedade, incumbe-se da
gestão, cobrança e administração
dos recursos financeiros arrecadados.
A
água potável e abastecimento público
A
água potável, captada nos mananciais
e processada nas estações de tratamento,
tem implicação direta com a saúde
e qualidade de vida da população.
O abastecimento de água junto com o tratamento
de esgoto contribuiu para reduzir a taxa de mortalidade
infantil na Região Metropolitana de São
Paulo.
Segundo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBGE, as condições sociais têm
íntima relação com o saneamento
básico. Dados estatísticos revelam
que, na década de 1970, ocorria a morte de
85 crianças a cada mil nascidas vivas na
Região Metropolitana de São Paulo.
Esse número, em 1994, caiu para 26,10 e,
em 2002, para 15,01.
Levantamento
da Organização Mundial da Saúde
OMS revelam que cada dólar aplicado em
serviços de saneamento resultam numa economia
de cindo dólares nos sistemas de saúde
do Estado. Em 400 a.C., Hipócrates já
enfatizava a relação entre a qualidade
da água e a saúde da população.
Para
chegar às torneiras das residências,
com qualidade e em quantidade suficiente, a água
tem que percorrer um longo caminho, em que várias
etapas devem ser cumpridas. É o que se denomina
sistema público de abastecimento de água.
Isto ocorre porque a água destinada ao abastecimento
da população, ao uso doméstico,
deve atender a rigorosas exigências previstas
em lei.
Esse
esforço todo é para evitar e controlar
doenças e epidemias transmitidas pela água,
e garantir a não interrupção
desse fornecimento. Isso só é possível
porque o abastecimento coletivo e público
permite monitorar a quantidade e a qualidade da
água desde o manancial (onde ela é
retirada) até a distribuição
para as residências. O que exige muitos recursos
financeiros e humanos.
O
sistema de abastecimento de água para fins
de consumo humano é constituído de
instalações e equipamentos destinados
a fornecer água potável a uma comunidade.
Sendo que o tratamento é a etapa mais cara
e complexa de realizar. Cada uma destas etapas envolve
muitos processos, que descreveremos.
Fazem
parte de um sistema de abastecimento de água:
Manancial: fonte de onde se tira o suprimento
de água. A escolha do manancial deve ser
condicionada tanto à disponibilidade (quantidade)
como a qualidade da água.
Captação: conjunto de equipamentos
e instalações utilizados para retirar
a água do manancial.
Adução: é a parte do sistema
constituída de tubulações sem
derivações, que liga a captação
ao tratamento ou o tratamento ao reservatório
de distribuição. A adução
pode ser por gravidade, recalque ou mista. Deve-se
priorizar a adução por gravidade para
se evitar gastos adicionais de energia.
Tratamento: o tratamento visa remover impurezas
existentes na água, bem como eliminar microorganismos
que causem mal à saúde, adequando
a água existente no manancial ao padrão
de potabilidade em vigor.
Reservatório de distribuição:
o reservatório de distribuição
é empregado para acumular água com
o propósito de atender à variação
do consumo horário, manter uma pressão
mínima ou constante na rede e atender às
demandas de emergência, como em casos de incêndio,
ruptura de rede etc.
Rede de distribuição: a rede de
distribuição leva a água do
reservatório ou da adutora para pontos de
consumo residenciais, escolas, hospitais, indústrias,
e demais locais a serem abastecidos na comunidade.
Para
se obter água adequada em um sistema público
de abastecimento é necessário que:
As características de qualidade da água
bruta, isto é, da água presente no
manancial, sejam compatíveis com os processos
de tratamento de água presente no manancial
e com os processos de tratamento de água
economicamente disponíveis.
As características indicadoras da qualidade
da água bruta mantenham-se suficientemente
estáveis ao longo do tempo, o que implica
o controle da poluição do manancial.
O sistema seja projetado, construído, operado
e mantido para criar condições que
possibilitarão obter água de forma
adequada, regular, sem ocorrência de alterações
sensíveis na qualidade.
O
tratamento de água pode ser feito para atender
a várias finalidades:
Higiênicas: remoção de bactérias,
protozoários, vírus e outros microorganismos,
de substâncias tóxicas ou nocivas,
redução do excesso de impurezas e
de teores elevados de compostos orgânicos.
Estéticas: correção de turbidez,
cor, odor e sabor.
Econômicas: redução de corrosividade,
dureza, cor, turbidez, ferro, manganês etc.
Águas
subterrâneas
A
água subterrânea representa outra importante
fonte abastecendo mais da metade dos municípios
paulistas, entre eles, Jales, Fernandópolis,
Novo Horizonte, Ribeirão Preto, Araraquara
e São José do Rio Preto. Por esse
motivo, é fundamental que esse manancial
também mereça o devido cuidado, com
a realização de levantamentos de informações
hidrogeológicas que permitam a exploração
racional e econômica desse recurso.
No
Brasil, importantes cidades dependem integral ou
parcialmente da água subterrânea para
abastecimento. São os casos de Mossoró
e Natal (RN), Maceió (AL), Região
Metropolitana de Recife (PE) e Barreiras (BA), entre
outros. No Maranhão, mais de 70% das cidades
são abastecidas com água subterrânea.
Importantes
cidades do país dependem integral ou parcialmente
da água subterrânea para abastecimento,
como, por exemplo: Ribeirão Preto (SP), Mossoró
e Natal (RN), Maceió (AL), Região
Metropolitana de Recife (PE) e Barreiras (BA). No
Maranhão, mais de 70% das cidades são
abastecidas por águas subterrâneas,
percentual que chega a 80% no Piauí.
Um
dos aqüíferos subterrâneos mais
importantes do mundo é o Guarani, que se
estende pelos Estados de Goiás, Minas Gerais,
São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e pelo Paraguai,
Uruguai e Argentina, numa extensão de 1,2
milhão de km2, dos quais 840 mil k2 encontram-se
no Brasil, estimando-se suas reservas em cerca de
45 mil km3.
Embora estejam melhor protegidos que os rios e lagos,
os mananciais subterrâneos também estão
sujeitos a contaminações decorrentes
de ocupações inadequadas em áreas
mais vulneráveis, por fossas, infiltrações
de efluentes industriais, aterros sanitários
e outros, além da superexploração,
que pode levar ao esgotamento, especialmente após
o desenvolvimento de poderosas bombas elétricas
e a diesel com capacidade de operação
extremamente elevada.
Os
mananciais de São Paulo
A
Região Metropolitana de São Paulo
- RMSP já apresenta sérios problemas
para garantir água em quantidade e qualidade
adequada para seus 19 milhões de habitantes.
A má gestão desse recurso resulta
na destruição de importantes fontes
de água, em altas taxas de desperdício
e na destruição de seus mananciais
pela expansão urbana.
A
baixa disponibilidade hídrica da região
localizada próxima às cabeceiras
do Rio Tietê foi acentuada ao longo de sua
história em função da poluição
e da destruição de seus mananciais,
entre eles os rios Tietê, Pinheiros, Ipiranga,
Anhangabaú e Tamanduateí. Hoje a região
é obrigada a importar água e a investir
em sistemas de tratamento avançado para transformar
água de péssima qualidade em água
potável.
As
áreas de mananciais da RMSP - que são
responsáveis pela produção
de água para abastecimento de toda a população,
além da manutenção de atividades
econômicas - ocupam 52% do seu território,
englobam total ou parcialmente 25 dos 39 municípios
que compõem a região.
Para
dar conta do abastecimento atual de sua população,
são necessários oito sistemas produtores
de água, que produzem aproximadamente 68
mil litros de água por segundo (ou 5,8 bilhões
de litros de água por dia), uma quantidade
de água suficiente para encher 2.250 piscinas
olímpicas por dia.
Volume
de água produzido e população
atendida pelos sistemas produtores
Sistemas produtores de água Volume de água
produzido
(mil litros/segundo) População atendida
(mil habitantes)
Alto Cotia 1 400
Baixo Cotia 0,9 460
Alto Tietê 10 3.600
Cantareira 33 8.100
Guarapiranga 14 3.800
Ribeirão da Estiva 0,1 40
Rio Claro 4 1.200
Rio Grande (Billings) 4,8 1.600
A
RMSP importa mais da metade da água que consome
da Bacia do Rio Piracicaba, através do Sistema
Cantareira - que se localiza a mais de 70 km do
centro de São Paulo e conta com seis represas
interligadas por túneis. O restante da água
é produzido pelos mananciais que ainda restam
na região - em especial Billings, Guarapiranga
e cabeceiras do Rio Tietê - e que sofrem intenso
processo de ocupação, a despeito da
Lei de Proteção aos Mananciais estar
em vigor desde 1975.
A
quantidade de água produzida para abastecimento
está muito próxima da disponibilidade
hídrica dos mananciais existentes. Essa pequena
folga coloca a região em uma situação
crítica, em que um período de estiagem
mais prolongado pode resultar em racionamento de
água para grande parte da população.
E, em pouco tempo, a região precisará
de mais água. Porém, novas fontes
de água dependem de construção
de represas, que demandam áreas para serem
alagadas, tempo e recursos financeiros que são
pouco acessíveis atualmente, o que reforça
a necessidade de preservação e uso
adequado dos mananciais existentes.
Por
esse motivo, a Secretaria do Meio Ambiente incluiu
os Projetos Mananciais e Cobrança do Uso
da Água entre os 21 Projetos Ambientais Estratégicos
do Governo do Estado. O primeiro tem a finalidade
de promover a proteção e recuperação
das bacias hidrográficas da Guarapiranga,
Billings e Cantareira, por meio de programas de
educação ambiental para conscientização
da comunidade e intensificação da
fiscalização.
O
outro projeto objetiva regulamentar a cobrança
do uso da água, destinando os recursos para
o gerenciamento dos recursos hídricos em
cada comitê de bacia. Em julho de 2007, foi
iniciada a cobrança nas bacias hidrográficas
do Piracicaba-Capivari-Jundiaí e Paraíba
do Sul. Até dezembro de 2010 a cobrança
será estendida a 14 das 21 bacias existentes
no Estado.
Dicas
para uso consciente da água
Diante da situação crítica
de oferta de água no planeta, é fundamental
que a sociedade se conscientize da necessidade de
utilizá-la de forma racional, evitando os
desperdícios. É preciso alterar hábitos
de consumo, mudando o comportamento perdulário
em relação a esse recurso da natureza.
Veja como cada cidadão pode contribuir
para preservar esse precioso bem. Veja algumas dicas
simples que podem ser adotadas no dia-a-dia, contribuindo
para a conservação e manutenção
do abastecimento de água.
Na
cozinha
Durante a lavagem da louça, a melhor forma
de economizar água é limpar os restos
de comida dos pratos e panelas com esponja e sabão
e só então abrir a torneira para molhá-los.
Depois de ensaboar tudo, abrir novamente a torneira
para novo enxágüe.
Em um apartamento, lavar louça com a torneira
meio aberta durante 15 minutos utiliza 243 litros
de água. Com a economia, o consumo pode cair
para 20 litros.
Uma lavadora de louças com capacidade para
44 utensílios e 40 talheres gasta 40 litros
de água. Por isso o ideal é utilizá-la
somente quando estiver totalmente cheia.
No
banheiro
O banheiro é o local que mais consome água
numa casa. Fique atento aos vazamentos e mantenha
a descarga regulada.
A vazão média de uma torneira é
de 16 litros por minuto. Por isso manter as torneiras
fechadas quando escovamos os dentes, ensaboamos
a louça ou fazemos a barba representa uma
boa economia.
Um banho de ducha de 15 minutos, com o registro
meio aberto consome 243 litros de água. Se
fecharmos o registro, quando nos ensaboamos, e reduzirmos
o tempo do banho para 5 minutos, o consumo de água
total cai para 81 litros.
No caso de banho com chuveiro elétrico,
também de 15 minutos e com o registro meio
aberto, são gastos 144 litros de água.
Com o fechamento do registro e a redução
do tempo, o consumo cai para 48 litros.
Na
lavanderia:
O mesmo vale para a máquina de lavar roupa
e para o tanque. Junte bastante roupa suja antes
de usá-los. Não lave uma peça
por vez. A lavadora de roupas com capacidade de
5 quilos gasta 135 litros por ciclo de lavagem.
No
jardim:
Use um regador para molhar as plantas ao invés
de utilizar a mangueira. Mangueira com esguicho-revólver
também ajuda a economizar. Ao molhar as plantas
durante 10 minutos com mangueira, o consumo de água
pode chegar a 186 litros. Com as outras opções,
pode-se economizar até 96 litros por dia!
Dicas
gerais:
Reutilizar a água numa casa é outra
atitude inteligente. A água do último
enxágüe da máquina de lavar pode,
por exemplo, ser utilizada para a limpeza doméstica,
e até para dar descarga nos banheiros. Quem
vive em casa pode também coletar água
de chuva para afazeres secundários, como
lavar uma área ou regar as plantas.
Não despeje o óleo de frituras na
pia. Esta gordura, além de contribuir para
o entupimento dos canos, dificulta o tratamento
do esgoto. Separe este material e destine para locais
que fabricam sabão.
Pratique coleta seletiva. A reciclagem é
uma maneira eficiente de contribuir na economia
da água. Os produtos reciclados consomem
menos água do que os produtos produzidos
a partir de matéria-prima virgem.
Se você detectar um vazamento de água
na rua ou calçada, ligue para a empresa de
saneamento de sua cidade e comunique da situação.
Informe-se sobre a origem e o destino de tudo
que você consome. Consumir produtos feitos
com métodos ecológicos ajuda a diminuir
os desperdícios na cadeia produtiva e os
impactos no meio ambiente.
Atenção aos desperdícios
e descuidos no uso da água. Eles tornam o
gasto muito maior do que o necessário, ainda
mais em condomínios, onde o consumo é
maior devido à pressão da água.
Uma idéia simples e eficaz é expor
a conta de água nos locais de passagem dos
moradores, como elevadores e garagens, permitindo
que todos se informem sobre os valores de custo
e volume consumido.
Também vale apresentar ao lado da conta
cálculos simples como o volume médio
consumido por cada apartamento, o valor correspondente
em reais, e as diferentes faixas de consumo do condomínio.
Não deixe a torneira aberta enquanto escova
os dentes ou faz a barba.
Tome banho rápido e ensaboe o corpo com
o chuveiro desligado.
Não deixe as torneiras pingando e elimine
os vazamentos.
Feche a torneira enquanto ensaboa pratos e talheres.
Não utilize mangueiras para lavar carros
ou calçadas. Use vassoura e balde.
Reutilize a água da máquina ou do
tanque, que já contém detergentes,
para a lavagem de quintais, calçadas e áreas
de serviço.
Só regue o jardim nas horas de temperatura
mais amena para evitar a perda por evaporação.
Elevado.
Fonte: Relatório Mensal 3 Projeto de Pesquisa
Escola Politécnica / USPxSABESP - Junho/96
e informações técnicas da ASFAMAS.
Fonte: Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São
Paulo |