05/02/2025
– Por Léo Rodrigues – Repórter
da Agência Brasil – Rio de Janeiro –
Um novo relatório divulgado pela Organização
das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (Unesco) traz uma série
de informações científicas
sobre o estado atual dos oceanos, envolvendo aspectos
físicos, químicos, ecológicos
e socioeconômicos. O documento aponta um avançado
processo de aquecimento das águas, além
de acidificação e queda das taxas
de oxigênio (O2) em ambiente marinho.
Um dos
principais alertas envolve a elevação
das temperaturas dos oceanos. O monitoramento tem
revelado que isso ocorre não apenas nas águas
superficiais. Embora apenas 25% do fundo do oceano
seja mapeado atualmente, já se sabe que o
aquecimento em zonas mais profundas vem se dando
em um ritmo sem precedentes.
O ano
de 2023 registrou recordes em temperaturas oceânicas.
A publicação também aponta
que o aquecimento está se tornando mais acelerado.
"As principais e bem conhecidas consequências
incluem a subida do nível do mar, alterações
nas correntes oceânicas e mudanças
dramáticas nos ecossistemas marinhos",
registra o relatório.
Segundo
dados divulgados no ano passado pela Nasa, agência
espacial dos Estados Unidos, nos últimos
30 anos o nível dos oceanos teve uma elevação
média de nove centímetros. O novo
relatório divulgado pela Unesco destaca não
haver dúvidas de que esse processo irá
se acelerar e está relacionado com o aquecimento
global do planeta, resultado do excesso de emissão
de gás carbônico e de outros gases
de efeito estufa provocada pelo homem.
O documento cita que o derretimento das massas de
gelo na Groenlândia e na Antártica
Ocidental contribui para a elevação
dos mares.
O Relatório
sobre o Estado do Oceano (StOR, na sigla em inglês)
também lembra que, com o aquecimento global,
episódios de extremos climáticos devem
se tornar cada vez mais frequentes. Há menção
aos danos causados por tsunamis, geralmente provocados
por terremotos, que podem ser mais catastróficos
diante da subida do nível do mar. Além
disso, os tsunamis de fontes não sísmicas,
poderão se tornar cada vez mais um desafio
a ser enfrentado.
A publicação teve sua primeira edição
divulgada em 2022 com o intuito de fornecer informações
importantes que possam servir de subsídios
para decisões políticas e administrativas,
bem como estimular novas investigações.
Sua elaboração também integra
os esforços da Unesco para chamar atenção
para os compromissos da Agenda 2030, estabelecidos
na Cúpula das Nações Unidas
sobre o Desenvolvimento Sustentável ocorrida
em 2015. Através dela, foram fixados os 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS). O 14º deles envolve a conservação
e utilização sustentável dos
oceanos, mares e recursos marinhos.
A nova
edição contou com a participação
de 98 autores de 25 países. Eles chamam atenção
para a importância do oceano no controle climático
do planeta, uma vez que absorvem grandes quantidades
de gás carbônico. No entanto, esse
processo tem consequências.
Com uma maior absorção de gás
carbônico, ocorre uma acidificação
dos oceanos, que exigem medidas de mitigação.
Além disso, os pesquisadores observam que
a disponibilidade de oxigênio vem caindo no
ambiente marinho em decorrência da poluição,
o que afeta as espécies e a biodiversidade.
"O
oceano contém 40 vezes mais carbono que a
atmosfera. Os cenários climáticos
futuros estão considerando o potencial das
técnicas de remoção de dióxido
de carbono marinho para aumentar este estoque. Foram
propostas diversas técnicas, mas a implantação
em grande escala não pode ser implementada
sem uma maior compreensão sobre como estas
novas abordagens irão interagir com o ciclo
do carbono oceânico e os ecossistemas marinhos,
e os seus riscos e benefícios".
Novas
pesquisas
Apesar de reunir diversas informações
e estimativas científicas sobre o estado
dos oceanos, a publicação destaca
a necessidade de novas pesquisas que permitam aumentar
o conhecimento sobre as mudanças em curso
e prever as consequências. Além disso,
o compartilhamento global de dados de forma equitativa
e com livre acesso é considerado um desafio.
"Faltam
dados adequados e agregados", registra o prefácio
assinado por Vidar Helgesen, secretário executivo
da comissão ocenográfica intergovernamental
da Unesco.
Ele alerta que a crise oceânica está
se desenvolvendo mais rapidamente do que o conhecimento
sobre ela. "O fato é: não sabemos
[o suficiente]. Quando o primeiro Relatório
sobre o Estado do Oceano foi lançado, em
2022, aprendemos que a descrição quantitativa
do oceano está drasticamente incompleta e,
como resultado, o conhecimento atual é insuficiente
para informar eficazmente soluções
para as múltiplas crises oceânicas
que a humanidade está agora enfrentando",
acrescenta. Edição: Denise Griesinger.
Da Agência
Brasil
Fotos: Pixabay/Reprodução
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