24/02/2025
– As baleias, gigantes dos mares, desempenham
um papel crucial na manutenção da
saúde oceânica e na regulação
climática, e tudo isso passa por suas fezes.
Ricas em ferro, nitrogênio e fósforo,
os excrementos desses animais fertilizam o oceano,
promovendo o crescimento do fitoplâncton,
a base da cadeia alimentar marinha. Além
de sustentar a vida nos mares, o fitoplâncton
também absorve dióxido de carbono
(CO2) da atmosfera por meio da fotossíntese,
ajudando a mitigar os efeitos das mudanças
climáticas.
Contudo,
a caça industrial de baleias no século
XX, que reduziu suas populações em
milhões, enfraqueceu esse ciclo natural.
Para restaurá-lo, a cientista marinha Edwina
Tanner e sua equipe da WhaleX Foundation criaram
uma solução inovadora: fezes sintéticas
de baleia.
As fezes artificiais são compostas por nitrogênio,
fósforo e oligoelementos como ferro e sílica.
A primeira aplicação ocorreu em 2021,
com o lançamento de 80 galões do material
no Mar da Tasmânia, na Austrália. Agora,
os cientistas planejam testar uma abordagem ainda
mais avançada em 2025.
Desta
vez, o experimento utilizará “biopods”
— recipientes cilíndricos de plástico
contendo fezes sintéticas e água do
mar. Após permanecerem no oceano por quatro
a sete dias, esses biopods permitirão que
o fitoplâncton cresça e sejam liberados,
possibilitando medições precisas de
eficiência no crescimento das microalgas e
no sequestro de carbono.
Essa
tecnologia promete beneficiar ecossistemas marinhos
ao melhorar os estoques de peixes e crustáceos,
restaurando parte da saúde dos oceanos perdida
ao longo do último século.
Além da WhaleX, outros projetos seguem a
mesma linha. Na Inglaterra, o químico David
King, da Universidade de Cambridge, lidera uma iniciativa
que utiliza poeira vulcânica rica em nutrientes
e cascas de arroz cozidas para fertilizar os mares.
Países como Tonga e Tuvalu já demonstraram
interesse em adotar a técnica para revitalizar
suas populações de atum e outros peixes.
“Se
conseguirmos imitar as funções das
fezes de baleia, podemos, ao longo de algumas décadas,
recuperar as populações de peixes,
mamíferos e crustáceos ao nível
de 400 anos atrás”, afirmou King.
Embora
as perspectivas sejam animadoras, especialistas
alertam para possíveis impactos ecológicos.
O biólogo conservacionista Joe Roman, da
Universidade de Vermont, ressalta que é essencial
estudar como a fertilização de nutrientes
pode alterar a química das águas profundas
e os ecossistemas oceânicos como um todo antes
de adotar a prática em larga escala.
Se as
preocupações forem mitigadas, as fezes
sintéticas de baleia poderão se tornar
uma ferramenta poderosa para restaurar a saúde
dos oceanos e enfrentar as crises climática
e de biodiversidade que desafiam o planeta.
Da Redação,
com informações de agências
internacionais
Matéria elaborada com auxílio de Inteligência
Artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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