| 25/11/2025
– A paisagem sonora natural dos oceanos é
composta por sons como tempestades, ondas, ventos
e vocalizações de animais marinhos.
No entanto, ruídos provocados por atividades
humanas, como motores de navios e sonares, estão
se tornando cada vez mais intensos. Especialistas
alertam que essa poluição sonora ameaça
a vida marinha, já que o som é fundamental
para funções vitais como reprodução,
alimentação, interação
social e defesa contra predadores. Segundo a pesquisadora
Lindy Weilgart, a audição é
o principal sentido dos animais marinhos, especialmente
dos cetáceos, que são altamente dependentes
do ambiente acústico.
Weilgart
destaca que as principais fontes de poluição
sonora nos oceanos são as frotas de navios
em crescimento e os canhões de ar comprimido
usados na busca por petróleo. Outras atividades
humanas, como sonares navais, construções
offshore, mineração submarina, pesca
de arrasto e turismo náutico também
contribuem para o aumento do ruído. Segundo
o professor Patrick Miller, da Universidade de St
Andrews, a tendência é que o problema
se agrave com a intensificação das
atividades econômicas nos oceanos.
O
estudo sobre o ruído nos oceanos é
recente, mas pesquisas já mostram um aumento
significativo. Um estudo de 2006 comparou dados
de 1964-1966 e 2003-2004 na costa da Califórnia
e revelou um aumento de 10 a 12 decibéis
— cerca de 3 dB por década. Desde então,
a atividade humana nos oceanos cresceu ainda mais.
O ruído dos navios é uma das principais
fontes, e há evidências claras de que
continua aumentando. Segundo o IFAW, cerca de 250
mil embarcações estão no oceano
a qualquer momento, e navios de carga podem gerar
ruídos de até 190 dB — mais
altos que um avião decolando e comparáveis
a um show de rock, níveis que seriam extremamente
prejudiciais à audição humana.
Como
a luz e os odores se dissipam rapidamente na água,
a vida marinha depende fortemente do som para funções
essenciais. Cetáceos, peixes e invertebrados
usam sons complexos para se comunicar, navegar,
encontrar alimento e se orientar. Estudos mostram
que ruídos crônicos, mesmo em baixa
frequência, podem prejudicar habilidades vitais,
como a dos peixes jovens de encontrar abrigo. O
som se propaga mais rápido e por distâncias
maiores na água do que no ar, o que favorece
a comunicação entre os animais, mas
também amplia os impactos negativos do ruído
causado por atividades humanas.
Um estudo
da Universidade de Bristol, publicado em 2023, revelou
que os golfinhos estão "gritando"
para conseguir se comunicar em meio ao aumento do
ruído gerado por atividades humanas. Apesar
de aumentarem o volume e a duração
de seus assobios, eles ainda enfrentam dificuldades
para cooperar entre si. Já o pesquisador
Patrick Miller participou de um estudo no Oceano
Ártico, próximo à ilha Jan
Mayen, onde baleias foram monitoradas com dispositivos
temporários. Esses equipamentos permitiram
analisar como a poluição sonora afeta
o comportamento e os movimentos dos animais.
Um estudo
publicado em 2022 mostrou que as baleias percebem
a poluição sonora gerada por humanos
da mesma forma que detectam predadores, o que provoca
reações de fuga. O ruído interfere
diretamente em sua alimentação, forçando-as
a escolher entre "viver ou alimentar".
Ao ouvirem sons de sonar, por exemplo, elas param
de se alimentar e se afastam da área por
dias, comprometendo seu acesso ao habitat e reduzindo
seus níveis de energia. Segundo Miller, isso
é uma preocupação global, já
que o aumento constante do ruído está
diminuindo a disponibilidade de ambientes marinhos
adequados para os animais.
Especialistas
alertam que o ruído subaquático pode
desorientar os animais marinhos, levando a encalhes
e até mortes. Os sonares navais, em especial
os de média frequência, são
frequentemente associados a encalhes em massa de
baleias, como as baleias-bicudas. Em 2015, a Marinha
dos EUA concordou em limitar o uso desses sonares
em áreas próximas ao Havaí
e à Califórnia. Embora os sonares
de baixa frequência tenham impacto menos direto,
eles afetam áreas muito maiores.
O sonar
ativo de baixa frequência pode impactar até
3,9 milhões de km² — área
semelhante à soma da Índia e do Paquistão
—, perturbando gravemente as baleias mesmo
em volumes de 120 decibéis. Já os
canhões de ar comprimido usados na prospecção
de petróleo e gás chegam a produzir
sons de até 260 dB, que podem se propagar
por até 4.000 km no oceano.
Da Redação,
com informações de agências
de notícias
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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