20/10/2021
– Analisando cerca de 1.000 fragmentos de ovos fossilizados,
que foram encontrados em dois abrigos de pedra em Nova Guiné,
no norte da Austrália, nova pesquisa sugere que os primeiros
humanos podem ter coletado ovos de casuar e terem criado os filhotes
até a idade adulta.
"Este comportamento que estamos
vendo ocorreu há milhares de anos antes da domesticação
da galinha", diz Kristina Douglass, principal autora do estudo
e professora assistente de antropologia e estudos africanos, na
Penn State University.
"E esta não é uma ave pequena, é uma
ave enorme, teimosa e incapaz de voar que pode eviscerar você",
disse ela em um comunicado à imprensa.
Os cientistas afirmam que apesar
do casuar ser geralmente uma ave agressiva, em 2019 um homem foi
morte na Flórida, nos Estados Unidos, a espécie
pode até ser domesticada, pois afirmam que as aves se apegam
a primeira imagem que veem.
O casuar é hoje o maior
vertebrado de Nova Guiné e infelizmente tornou-se uma presa
fácil para caçadores que buscam suas penas e ossos,
materiais de grande valor para adornos e roupas cerimoniais, além
de sua carne, considerada uma iguaria no país.
Na região entre
a Austrália e Nova Guiné existem três espécies
de casuar. Para a pesquisadora, a espécie que foi criada,
provavelmente tenha sido o casuar-anão, que pesa cerda
de 20 quilos. As cascas de ovos fossilizadas são de 18
mil a 6 mil anos, segundo datação feita com carbono.
Pesquisas indicam que as galinhas tenham sido domesticadas há
9.500 anos, não antes disso.
A equipe de pesquisadores analisou
cascas de ovos de perus, emas e avestruzes vivos para chegar a
essas conclusões. Segundo os cientistas, o interior da
casca dos ovos muda conforme os pintinhos consomem o cálcio
dessas cascas. Por meio de imagens de alta resolução
em três dimensões, os pesquisadores conseguiram construir
um modelo de como os ovos ficam em diferentes estágios
da incubação.
Depois de realizar os testes em
ovos de avestruzes e outras aves, os pesquisadores aplicaram os
modelos aos fragmentos das cascas de ovos fossilizados e descobriram
que a maioria desses ovos foram recolhidos nesses locais em estágio
bem avançado.
"O que descobrimos foi que
a grande maioria das cascas dos ovos foi colhida durante os estágios
finais. As cascas dos ovos parecem muito atrasadas; o padrão
não é aleatório", disse Douglass.
Para os pesquisadores, as cascas
de ovos em estágio avançado indicam que os humanos
que viveram nesses locais estariam coletando os ovos quando os
embriões dessas aves já possuíam membros,
bicos, garras e penas. Mas a pergunta é: Esses humanos
estavam recolhendo esses ovos para comer ou esperavam que eles
eclodissem? Para Douglass, eram as duais coisas.
Apesar do consumo de ovos com
embriões serem considerados iguarias em algumas partes
do mundo, os pesquisadores acreditam que essas pessoas estavam
incubando os ovos para gerar filhotes de casuar. "Também
analisamos a queima de cascas de ovo. Existem amostras suficientes
de cascas de ovo em estágio avançado que não
mostram estar queimados para que possamos dizer que estavam incubando
e não os comiam" disse Douglass no comunicado à
imprensa.
Outra evidência encontrada
foi de que cascas de ovos menos maduras apresentaram mais vestígios
de queima, ou seja, esses ovos podem per sido consumidos, após
um cozimento, mas com seu conteúdo ainda líquido.
Contudo, a pesquisa publicada
na revista cientifica PNAS, ainda precisa responder algumas questões.
Por exemplo, para chocar os ovos e criar os filhotes, essas pessoas
tinham que encontrar seus ninhos e saber os tempos dessa nidificação
para remover os ovos na fase correta, ou seja, pouco antes da
eclosão. Isso pode não ser tão fácil,
visto que as aves, nem sempre fazem seus ninhos nos mesmos locais.
“As pessoas podem ter caçado
o macho e depois coletado os ovos. Como os machos não saem
do ninho sem supervisão, eles também não
se alimentam muito durante o período de incubação,
o que os torna mais vulneráveis a predadores”, disse
ela.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay
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