CEGONHA-BICO-DE-SAPATO
Balaeniceps rex (Gould, 1850)
Família: Balaenicipitidae
11/12/2018 – Parente próximo
dos pelicanos, mas com aparência de cegonha. Seu bico em
forma de tamanco deu origem a seu nome em inglês –
shoebill.
A cegonha-bico-de-sapato atinge
120 centímetros. É endêmico do continente
africano, ocorrendo na República Centro-Africana, República
Democrática do Congo, Ruanda, Sudão do Sul, Sudão,
Tanzânia, Uganda, Zâmbia e de maneira vagante na Etiópia.
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A cegonha-bico-de-sapato (Balaeniceps
rex) atinge 120 centímetros.
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É muito sedentário,
realizando movimentos somente quando necessita buscar um habitat
com melhores recursos alimentares. Realiza movimentos sazonais
no Sudão do Sul entre as áreas de alimentação
e de reprodução.
Solitários, com frequência
macho e fêmea se alimentam em locais opostos de seu território.
Tanto a alimentação quanto a reprodução
ocorre em áreas sazonalmente alagadas e pode usar áreas
distintas para forrageamento e reprodução. As áreas
são repletas de vegetação flutuante como
papiros (Cyperus papyrus), juncos, taboas e gramíneas.
O período reprodutivo é
longo e ocorre entre setembro e dezembro. Os ovos são postos
no fim do período chuvoso e os filhotes voam no final do
período seco.
O ninho, construído com
gramíneas, tem até 3 metros de largura e é
colocado sobre a vegetação flutuante e com frequência
entre a densa vegetação de papiro.
Colocam no máximo três
ovos brancos, mas geralmente apenas um filhote sobrevive e raramente
dois. É monogâmico e atinge a maturidade reprodutiva
aos 3 ou 4 anos. Pode viver até 50 anos em cativeiro.
Em 2002 estimava-se uma população
de 5.000 a 8.000 indivíduos (aproximadamente 3.300 a 5.300
indivíduos capazes de se reproduzir), de 50 a 80% estão
no Sudão do Sul e a menor população em Ruanda
e Etiópia, com menos de 50 indivíduos em cada país.
É considerado vulnerável
pela BirdLife International e pela União Internacional
para a Conservação da Natureza (IUCN) devido à
destruição e degradação do habitat,
caça e captura para comércio. Seus habitats estão
sendo convertidos em áreas para cultivo e pastagem, e com
frequência o gado atropela seus ninhos.
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É monogâmico e atinge
a maturidade reprodutiva aos 3 ou 4 anos. Pode viver até
50 anos em cativeiro.
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Em Uganda e no Sudão
do Sul a exploração de petróleo é
uma ameaça, por promover alterações no habitat
e causar poluição na água. Em Uganda a contaminação
por produtos químicos utilizados na agricultura e efluentes
que escorrem ou são descartados no Lago Vitória
também prejudica a espécie.
Seus ovos e filhotes são
alvos de caçadores que abastecem o comércio ilegal.
Na Arábia Saudita e em Dubai, colecionadores pagam mais
de 37 mil reais para ter uma cegonha-bico-de-sapato e como é
difícil reproduzir a espécie em cativeiro, suas
populações na natureza sofrem constantes riscos
para atender a demanda deste comércio.
É capturado para zoológicos,
principalmente na Tanzânia onde o comércio ainda
tem base legal. Exportações ilegais da Tanzânia
para outros países já foram relatadas. Também
é caçado para alimentação e por acreditarem
em mau presságio.
Para a reprodução
ocorrer, precisam de grandes áreas não perturbadas
e por serem tímidos, acabam abandonando o ninho, caso os
humanos se aproximem muito, consequentemente ovos e filhotes tornam-se
vulneráveis a predadores como lagartos, serpentes e águias.
Ações de conservação
são realizadas na Zâmbia por uma equipe de 12 pescadores
que atuam como guardas, durante o período reprodutivo,
eles monitoram ovos e filhotes permanecendo em constante observação,
enquanto pescam. Ficam atentos a qualquer atividade suspeita,
registrando informações diante de qualquer indício
de caçadores. Anotam também informações
de novos ninhos, número de ovos e filhotes.
Desde a implantação
do programa em 2012, 25 filhotes de 21 ninhos que foram monitorados
tiveram sucesso. Seis filhotes que foram roubados de seus ninhos
também foram resgatados do cativeiro, reabilitados e voltaram
para a natureza. Diante do sucesso do programa, a organização
tem expandido e contratado novos guardas de cegonha-bico-de-sapato,
que além do monitoramento, realizam ações
para conscientizar a sociedade sobre a importância da espécie
e do trabalho voltado a sua conservação.
Desde então, guardas, agentes
da comunidade, a African Parks e o Departamento de Parques Nacionais
e Vida Selvagem da Zâmbia trabalham para a conservação
das zonas úmidas e para a restauração dos
ecossistemas. Como consequência a caça foi reduzida,
animais ameaçados retornaram, práticas agrícolas
sustentáveis estão sendo adotadas, a comunidade
está se beneficiando da receita gerada pelo turismo de
observação e os estoques de peixes estão
aumentando, beneficiando tanto os pescadores quanto a cegonha-bico-de-sapato.
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O ninho, construído com gramíneas,
tem até 3 metros de largura e é colocado
sobre a vegetação flutuante e com frequência
entre a densa vegetação de papiro.
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Ações
bem sucedidas como estas devem ser exemplos e serem implantadas
nas demais regiões de ocorrência da cegonha-bico-de-pato
para a sua conservação e dos ecossistemas, beneficiando
também outras espécies.
Em comemoração ao
centenário da aprovação da Lei do Tratado
das Aves Migratórias (MBTA, na sigla em inglês),
importantes instituições estrangeiras como National
Audubon Society, National Geographic, BirdLife International e
The Cornell Lab of Ornithology, oficializaram 2018 como o Ano
da Ave. Aqui no Brasil, a Agência Ambiental Pick-upau também
realizará uma série de ações para
a promoção do Projeto Aves, patrocinado pela Petrobras,
incluindo matérias especiais sobre as aves nas mais diversas
áreas, como na ciência.
Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes, polinização de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção e plantio de espécies vegetais, além de atividades socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a importância em atuar na conservação das aves. Parcerias estratégicas como patrocínios da Petrobras e da Mitsubishi Motors incentivam essa iniciativa.
Da Redação (Viviane
Rodrigues Reis)
Fotos: Reprodução/Pixabay
Com informações
de National Audubon Society, 2018; BirdLife International. 2016.
Balaeniceps rex. The IUCN Red List of Threatened Species 2016
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