15/04/2018
– Pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados
Unidos, conseguiram decodificar, quase na totalidade, o genoma
dos moas (Anomalopteryx didiformis), que viviam na Nova
Zelândia há cerca de 700 anos. A técnica,
já utilizada em outras espécies extintas, como mamute-lanudo
(Mammuthus primigenius), agora deve auxiliar no estudo
de outras aves.
Os moas (Anomalopteryx didiformis),
que chegavam a um metro de altura, e outras oito espécies
da Nova Zelândia, viveram na ilha neozelandesa até
a chegada dos humanos. Nove dessas espécies, classificadas
como herbívoras, viviam distribuídas em duas ilhas
da Nova Zelândia, sendo duas espécies encontradas
apenas na Ilha Norte, cinco na Ilha Sul e outras duas descobertas
em ambas as ilhas. A maior espécie de moas que caminhou
pela Terra tinha cerca de dois metros de altura e pesava cerca
de 250 quilos. Os moas fazem parte do mesmo grupo de aves dos
kiwis, avestruzes, emas e emus.
O estudo sobre o genoma ocorreu
a partir de um espécime do acervo do Museu Real de Ontário,
no Canadá, onde o material foi retirado do osso de uma
pata. A pesquisa divulgada no Biorxiv – CSH (Cold Spring
Harbor Laboratory), um mecanismo livre para a divulgação
de conteúdo científico, ainda não foi publicada
oficialmente.
O trabalho de recolher DNA das
mitocôndrias (conhecidas como baterias da célula,
que ficam fora de seus núcleos) é bastante difícil
por conta da deterioração do material genético
da espécie, que possui mais de 900 milhões de nucleotídeos
(adenina, timina, citosina e guanina, elementos químicos
de base que compõe o DNA). Contudo, em outros casos como
o do extinto mamute-lanudo, as sequências foram recriadas
com grande qualidade, o que proporcionou o avanço nas pesquisas.
No caso dos mamutes, os espécimes foram encontrados nas
terras gélidas da Sibéria, onde as baixas temperaturas
conservaram até os pelos dos animais.
“As
nossas análises mostram que os moas tinham populações
estáveis durante os 5000 anos antes da chegada dos
humanos. Não há indicações de
um declínio pré-humano da população.
De fato, parece que as populações estavam
aumentando” |
O que pode ser visto na série
de blockbusters, Jurassic Park, criada por Steven Spielberg, com
diversas espécies de dinossauros ganhando vida, a partir
do sequenciamento de DNA e a combinação com espécies
vivas, no caso do filme, anfíbios da África, ainda
está na teoria, na vida real. No caso dos moas, talvez
os estudos fossem realizados com seus primos distantes os emus,
as maiores aves nativas da Austrália. Na pesquisa realizada
em Harvard, os cientistas conseguiram posicionar 85% do genoma.
De qualquer forma, as pesquisas sobre sequência genéticas
dão um novo passo.
Sem chance para os Moas
Em outro estudo da Universidade
de Copenhague, na Dinamarca, publicado na revista norte-americana
Proceedings of the National Academy of Sciences, em 2014, pesquisadores
indicavam, através da análise de material genético,
que provavelmente os moas não estavam em declínio
antes de o homem colonizar a Nova Zelândia, no século
XVII.
“As nossas análises
mostram que os moas tinham populações estáveis
durante os 5000 anos antes da chegada dos humanos. Não
há indicações de um declínio pré-humano
da população. De fato, parece que as populações
estavam aumentando”, explica Morten Allentoft, um dos autores
do estudo, em entrevista ao Público, de Portugal.
Segundo os pesquisadores, a extinção
na Nova Zelândia é particularmente ímpar,
com características próprias. “Foi a extinção
mais recente, envolveu uma variedade de aves muito grandes e não
de mamíferos, e é a única em que as atividades
humanas são geralmente aceitas, como tendo sido a sua causa,
especialmente agora que demonstramos que as populações
de moas estavam estáveis ou aumentando quando [os maori]
chegaram”, explica Richard Holdaway, outro autor do estudo,
da Universidade de Copenhague, em entrevista ao Público,
de Portugal.
Desta forma, é possível
deduzir que pesquisas neste sentido podem, por hora, não
trazer de volta à vida animais extintos, mas pode alertar
sobre a extinção de espécies, sobretudo,
causadas pelo homem e a falta de equilíbrio com o meio
ambiente, especialmente, nesta época em que vivemos um
dos períodos mais trágicos na extinção
em massa de espécies.
Em comemoração ao
centenário da aprovação da Lei do Tratado
das Aves Migratórias (MBTA, na sigla em inglês),
importantes instituições estrangeiras como National
Audubon Society, National Geographic, BirdLife International e
The Cornell Lab of Ornithology, oficializaram 2018 como o Ano
da Ave. Aqui no Brasil, a Agência Ambiental Pick-upau também
realizará uma séria de ações para
a promoção do Projeto Aves: Mata Atlântica,
patrocinado pela Petrobras, incluindo matérias especiais
sobre as aves nas mais diversas áreas, como na ciência.
O Projeto Aves realiza diversas
atividades voltadas ao estudo e conservação desses
animais. Pesquisas científicas como levantamentos quantitativos
e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão
de sementes, polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio de
espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
da conservação das comunidades de avifauna.
O Projeto Avesé patrocinado
pela @Petrobras, por meio do Programa
Petrobras Socioambiental, desde 2015.
Da Redação com informações do Público
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