ARAUCÁRIA
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze
Família: Araucariaceae
20/12/2018 – A família
Araucariaceae abriga aproximadamente 40 espécies reunidas
em 3 gêneros Agathis, Araucaria e Wollemia. Ocorre em regiões
tropicais e subtropicais do Hemisfério Sul, com exceção
da África. O centro de diversidade (local com maior variabilidade)
encontra-se na Nova Caledônia.
A araucária é nativa,
porém não é endêmica do Brasil. Ocorre
no sudeste, sobretudo nos estados do Paraná, Santa Catarina,
Rio Grande do Sul e de forma pontual em São Paulo, Minas
Gerais e Rio de Janeiro, também em áreas adjacentes
na Argentina (Missiones) e no Paraguai. Ocorre no domínio
da Mata Atlântica em Campo de Altitude, Floresta Estacional
Semidecidual e Floresta Ombrófila Mista, em altitudes de
500 a 1.800 metros no Brasil e de 500 até 2.300 nos outros
países.
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Sementes de Araucária (Araucaria
angustifolia) coletadas de matrizes no CECFLORA -
Centro de Estudos e Conservação da Flora.
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A Araucaria angustifolia é
conhecida em São Paulo como araucária, pinheiro-araucária
e pinheiro-caiová. Pioneira, perenifólia (mantém
as folhas o ano todo) e heliófila (desenvolvem em locais
bem iluminados), pode atingir até 50 metros de altura.
As folhas da araucária
são simples, alternas, coriáceas, glabras, de 3-6
cm de comprimento e 10 mm de largura, flores dióicas, masculinas
em amento cilíndrico alongado com escamas coriáceas
e femininas em estróbilo ou cone subarredondado.
Os estróbilos femininos
iniciam seu desenvolvimento entre agosto e outubro do primeiro
ano, e após iniciada a fase reprodutiva, verifica-se estróbilos
em estágios diferentes de desenvolvimento e ao longo de
todo o ano, os masculinos se desenvolvem entre janeiro e outubro
de cada ano.
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Mudas de Araucária (Araucaria
angustifolia) produzidas no Viveiro Refazenda, no
CECFLORA - Centro de Estudos e Conservação
da Flora.
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O número de sementes é
variável, de 5 a 150 em cada ramo. Conhecidas como pinhões,
as sementes são carnosas e tem de 3 a 8 cm de comprimento,
por 1 a 2,5 cm de largura, levam aproximadamente 3,5 anos para
se formarem. A amêndoa-branca ou róseo-clara é
rica em reservas energéticas, sobretudo, amido (54,7%)
e alta concentração de aminoácidos.
A produção de sementes
em árvores isoladas começa entre 10 e 15 anos de
idade, e aos 20 em plantios, com grandes diferenças entre
populações. Conforme o processo de envelhecimento
aumenta, aparecem ao longo do tronco, porções mais
ou menos regulares de casca com a parte externa profunda e rachada
de maneira irregular, esta casca é muito procurada para
ser utilizada como combustível, sobretudo, nos rigorosos
invernos do sul do Brasil.
A araucária tem papel fundamental
na conservação de seu ecossistema, pois abriga grande
diversidade de animais, como a onça-pintada e a anta. As
sementes são dispersas por roedores como camundongos, pacas,
cutias, ouriços e esquilos, a cutia (Dasyprocta azara)
é uma das mais importantes, pelo costume que tem de enterrar
as sementes.
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Mudas de Araucária (Araucaria
angustifolia) produzidas no Viveiro Refazenda, no
CECFLORA - Centro de Estudos e Conservação
da Flora.
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No sul do Brasil, a gralha-azul
(Cyanocorax caeruleus) é considerada a principal dispersora
das sementes, no entanto, ela vive o tempo todo no alto das árvores
e raramente desce ao solo, já a gralha-picaça
(Cyanocorax chrysops) possui o hábito de esconder
o pinhão no solo para buscar posteriormente.
As sementes também são
dispersas pelo papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea).
Na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, tucanos, tiribas e primatas
estão entre os principais dispersores.
Uma espécie importante
que tem todo seu ciclo biológico relacionado à araucária
é o grimpeirinho (Leptasthenura setaria), esta
ave realiza controle biológico ao se alimentar de insetos
considerados pragas para a araucária, em suas folhas aciculadas,
ele constrói seu ninho procura por artrópodes.
Além da importância
para a fauna, o pinhão é muito utilizado para elaborar
produtos de panificação como pães, bolos
e biscoitos. Das amêndoas também é possível
fazer farinha.
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Araucária (Araucaria angustifolia).
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A família Araucariaceae
reúne 26 espécies ameaçadas de extinção
na avaliação global, 4 estão criticamente
em perigo, 12 em perigo, 10 vulneráveis e 7 estão
quase ameaçadas.
A Araucaria angustifolia está
criticamente em perigo na avaliação global (IUCN,
2013) devido à redução de 97% em sua extensão
original (estimada em 200.000 km²) em consequência
da conversão de florestas para exploração
madeireira desde o inicio do século XX. Na avaliação
regional (Brasil) está em perigo.
No Rio Grande do Sul a área
florestal que originalmente era constituída por araucária
(40%) foi reduzida a 3%. Em São Paulo a floresta de araucária
cobre apenas 4,3% da cobertura original. No Paraguai a população
é pequena e restrita a região do Alto Paraná.
Na Argentina (nordeste de Missiones), populações
pequenas perfazem menos de 1.000 hectares, somente 0,47% em relação
a 1960, cuja área abrangia 210.000 hectares.
Regionalmente extinta no Espírito
Santo, criticamente em perigo em Santa Catarina, em perigo em
São Paulo e vulnerável nos estados de Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e Paraná.
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Araucária (Araucaria angustifolia).
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Atualmente ainda sofre com muitas
ameaças como exploração madeireira, expansão
de monoculturas de milho e soja, plantios extensivos de Pinus
spp., construção de usinas hidrelétricas
na Região Sul e impactos devido à presença
de animais exóticos como javalis e gado bovino.
Apesar da área originalmente
ocupada pelas florestas com araucária no Brasil terem 72
unidades de conservação federais e estaduais, apenas
3% da área remanescente está protegido em unidades
de conservação. A Agência Ambiental Pick-upau
pesquisa, produz e planta mudas de araucária, através
do Viveiro Refazenda.
Em comemoração ao
centenário da aprovação da Lei do Tratado
das Aves Migratórias (MBTA, na sigla em inglês),
importantes instituições estrangeiras como National
Audubon Society, National Geographic, BirdLife International e
The Cornell Lab of Ornithology, oficializaram 2018 como o Ano
da Ave. Aqui no Brasil, a Agência Ambiental Pick-upau também
realizará uma série de ações para
a promoção do Projeto Aves, patrocinado pela Petrobras,
incluindo matérias especiais sobre as aves nas mais diversas
áreas, como na ciência.
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Gralha-picaça (Cyanocorax
chrysops).
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Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes, polinização de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção e plantio de espécies vegetais, além de atividades socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a importância em atuar na conservação das aves. Parcerias estratégicas como patrocínios da Petrobras e da Mitsubishi Motors incentivam essa iniciativa.
Da Redação (Viviane
Rodrigues Reis)
Fotos: Pick-upau/Reprodução
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