16/11/2019
– Na área hoje conhecida como o Japão, há
120 milhões de anos era possível encontrar uma ave
com o tamanho de um pombo. Em uma região cheia de vegetação
onde vivia ao lado de dinossauros e outros répteis em um
ambiente quente e úmido, com curtos períodos de
seca. Classificado como Fukuipteryx prima, a espécie
foi descrita pela primeira vez na revista científica Communications
Biology, na última semana.
A discussão sobre a primeira
ave gira em torno do território da atual Alemanha, a Archaeopteryx,
considerada por muitos como a primeira ave do planeta. Entretanto,
isso não é consenso no meio científico. A
ave viveu no fim na era jurássica, entre 160 e 140 milhões
de anos, mas não mantinha características parecidas
com aves atuais. Segundo estudos, essas características
surgiram apenas durante o período Cretáceo, entre
145 e 66 milhões de anos.
Até o momento
os fósseis mais antigos de aves que se conhecem são
da biota de Jehol, um conjunto de organismos vivos de formações
geológicas do nordeste da China do início do período
Cretáceo. Mas os cientistas observam que as aves não
apresentavam o pigóstilo, extremidade da coluna vertebral
onde se prendem as penas da cauda, uma característica fundamental
das aves atuais.
Porém, agora pesquisadores
do Instituto de Investigação de Dinossauros da Universidade
da Prefeitura de Fukui, no Japão afirmam ter descoberto
na província de Fukui um conjunto de ossos associado a
uma ave do período Cretáceo. “No sítio,
um colega de trabalho encontrou alguns ossos, que foram levados
para o laboratório. Depois de fazermos toda a sua preparação,
percebemos que era um esqueleto de uma ave”, conta ao PÚBLICO
Takuya Imai, o principal autor do estudo.
Batizado de Fukuipteryx prima,
a espécie é a primeira ave primitiva descoberta
fora da China. Do tamanho de um pombo, com características
da Archaeopteryx e apresentando uma fúrcula robusta
(osso em forma de forquilha que resulta da fusão das clavículas).
Mas ao contrário da Archaeopteryx a Fukuipteryx
prima tinha um pigóstilo totalmente formado. “Tinha
um pigóstilo com resquícios de espinhos nas vértebras
[que anfíbios e amniotas têm] e uma estrutura em
forma de remo na extremidade distal.”, diz o pesquisador
ao PÙBLICO.
Em outros estudos o pigóstilo
era apresentado como uma das adaptações mais importantes
da evolução das aves. Entretanto, nessa pesquisa
os cientistas propõem que sua existência é
um subproduto da diminuição da cauda e que pode
não estar ligado a adaptação do voo, como
já havia sido apontado em outros estudos. “Encontramos
esta estrutura em dinossauros terópodes que não
precisaram de se adaptar ao voo, tendo-se desenvolvido pelo menos
duas vezes durante a evolução das aves”, indica
Takuya Imai.
Uma das dúvidas dos pesquisadores
agora era se Fukuipteryx prima abanava a cauda. “Os
dinossauros não-avianos com longas caudas faziam-no de
certeza e algumas aves modernas também o fazem para atrair
os seus parceiros”, responde o cientista. “Não
há nenhuma razão para dizer que a Fukuipteryx
não o fazia.”
Projeto Aves realiza diversas
atividades voltadas ao estudo e conservação desses
animais. Pesquisas científicas como levantamentos quantitativos
e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão
de sementes, polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio de
espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
da conservação das comunidades de avifauna. O Projeto
Aves é patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa
Petrobras Socioambiental, desde 2015.
Da Redação
Com informações do Público (Teresa Sofia
Serafim)
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