11/02/2021
– Durante milênios as aves migratórias seguem
os mesmos padrões de voo, em busca de alimento. A viagem
é longa e perigosa, e as aves passam por condições
climáticas severas, desde tempestades que forçam
os bandos a desviarem de suas rotas, até levá-los
para regiões áridas e secas, com reduzidos recursos
alimentares.
Segundo um novo estudo publicado
no Ornithological Applications, dezenas de milhões de aves
dependem do rio e dos habitats dos pântanos do Delta do
Rio Colorado e no Vale Central da Califórnia, enquanto
fazem sua jornada pelas regiões áridas do oeste,
diz Corryn Wetzel ao Audubon.
Pesquisadores já
suspeitavam que essas duas regiões fossem fundamentais
para as aves migratórias, contudo, ainda não havia
evidências suficientes para apoiar essa tese, agora corroborada
por dados do aplicativo comunitário de ciências eBird.
O eBird é um aplicativo onde qualquer observador de aves
pode gerar informações sobre as espécies.
Os pesquisadores usam os dados coletados do eBird para rastrear
populações de espécies, comportamentos e
o uso de habitats.
Utilizando o aplicativo e um modelo
matemático desenvolvido pela Partners in Flight, os pesquisadores
conseguiram determinar que mais de 65 milhões de aves viajaram
pelo Vale Central da Califórnia, durante a migração
da primavera e 48 milhões durante o outono, informa o Yale's
Environment 360 Digest. Cerca de 17 milhões passam pelo
Delta do Rio Colorado, uma área do tamanho do Havaí,
durante a primavera, além de 14 milhões de aves
passam pela região durante a migração no
outono.
Os pesquisadores concentraram
os dados do aplicativo em 12 espécies que eles sabiam que
usavam as regiões para reprodução, hibernação
e recursos alimentares. Segundo o levantamento, uma parte significativa
de toda a população de uma espécie voa por
essas regiões ocidentais. Os dados indicam que na primavera,
mais de 27% das andorinhas da América do Norte (Tachycineta
bicolor) migram pelo Delta do Rio Colorado, e inacreditáveis
80% dos pintassilgos-de-lawrence (Spinus lawrencei) migram pelo
Vale Central, de acordo com um comunicado da National Audubon
Society. Já no outono, quase 40% dos colibris-de-anna (Calypte
Anna) migram pelo Vale Central.
“Se mais de um por cento
da população da espécie usa esse local, então
sabemos que esse local é realmente importante para a espécie
em nível populacional”, disse Williams DeLuca, ecologista
de migração e principal autor do estudo, a Audubon.
O Delta e o Vale, ainda
que imprescindíveis para diversas espécies de aves,
essas regiões sofreram alterações, por conta
do desenvolvimento humano, com a expansão agrícola
e o desvio de rios. Essas mudanças colocam as aves sob
pressão em sua migração. Contudo, os dados
mostram que apesar desses desafios, as aves continuam dependendo
dos recursos dessas regiões, informa o Audubon.
“Essas rotas migratórias
estão arraigadas nas aves e meio que ainda as seguem, embora
haja uma fração da paisagem disponível que
costumava estar lá”, diz Andrea Jones, diretora de
conservação de aves da Audubon Califórnia
e coautora do estudo. Deluca e sua equipe esperam que os dados
inspirem esforços de conservação para esses
habitats antes que as espécies de aves sejam levadas ao
limite.
Criado em 2015, dentro
do setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Reprodução/Nasa/Wikipedia
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Da Redação,
com informações Smithsonian Magazine
Fotos: Reprodução/Pixabay/Nasa/Wikipedia
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