22/03/2023
– Por muito tempo acreditava-se que a personalidade e o
autocontrole estava restrito aos seres humanos, mas agora pesquisadores
indicam que essa característica está presente em
aves e outros animais silvestres.
Ao monitorar o comportamento alimentar
do chapim-real, uma espécie comum em jardins na Eurásia,
pesquisadores verificaram que o autocontrole é bastante
presente e tem impacto em como a espécie decide o que fazer
no momento do forrageamento. Segundo os pesquisadores, o autocontrole
é a capacidade de um individuo de dominar seus impulsos.
Independente da idade, o autocontrole nem sempre é algo
fácil de exercer, principalmente no momento da alimentação.
Os regimes estão ai para conferir esses resultados.
Contudo, o autocontrole pode ser
determinante entre o fracasso e o sucesso em muitas ações
e a personalidade é um importante fator nesse processo
de tomada de decisão. Na vida dos animais silvestres, uma
decisão equivocada pode significar vida u morte. Nesse
sentido, os pesquisadores iniciaram um estudo para entender como
impulsos naturais pode determinar a continuidade de ações.
Os pesquisadores treinaram chapins-reais
silvestres, que foram levados temporariamente para cativeiros,
com objetivo de buscar e encontrar alimentos que precisavam ser
acessadas por um tudo plástico opaco lateral. Depois os
biólogos trocaram os acessos por tubos plásticos
transparentes, no mesmo formato. Após essa mudança,
os pesquisadores registraram o comportamento novo de algumas aves,
que bicavam impulsivamente a frente do tubo, por onde era possível
observar a comida. Por outro lado, alguns indivíduos perceberam
que o alimento poderia ser alcançado da mesma forma.
Esse teste de alcançar
o desvio é comum em experimentos para medir e avaliar o
controle inibitório, um dos principais mecanismos cognitivos
no cérebro que qualificam o autocontrole. Segundo o estudo,
os chapins que apresentaram esse controle, mostraram-se mais flexíveis
na busca dos alimentos.
Durante a pesquisa,
as aves foram induzidas e treinadas para buscar larvas de farinha
escondidas em areia até o momento que o comportamento se
se torna natural. Depois foram ofertadas opções
de alimento melhores, maiores e visíveis na superfície
da areia. As aves identificadas na fase dos alimentos escondidos
que apresentaram bom controle inibitório, também
foram aqueles que resistiram melhor ao impulso de interromper
o hábito. Mas acabaram mudando para a nova opção
de alimento, ainda que ela estivesse disponível em vidro
transparente, não tão fácil de acessar. Já
se sabia que a flexibilidade na oferta de alimentos é fundamental
para a sobrevivência, mas foi a primeira vez que isso esteve
associado ao autocontrole em animais.
Segundos os pesquisadores, a personalidade
dos animais também influenciou na flexibilidade do forrageamento,
o que ocorreu com o chapim-real no teste de padrão de comportamento
e na tendência de explorar novos ambientes. O estudo mostrou
que alguns indivíduos foram mais rápidos que outros
na exploração dos territórios. Estudos anteriores
mostraram que esse comportamento é herdado dos pais. Esse
comportamento também considera assumir riscos nesta exploração.
Deste modo, quando o experimento
na areia foi realizado, os pesquisadores acrescentaram o risco
de predação, colocando um falcão empalhado
na mesma sala a uma distância segura das aves. Indivíduos
mais rápidos se mostraram mais dispostos a encarar o desafio
na busca do alimento na superfície.
Os pesquisadores explicam que
os animais não apreciam novidades quando existe ameaça
de predadores, por isso talvez as aves mais lentas tenham evitado
o risco. A pesquisa sugere que os resultados diferentes de comportamento
podem está relacionados à personalidade e autocontrole,
mostrando a complexidade do comportamento animal. “Uma vez
que a sobrevivência e a reprodução dependem
enormemente da comida, nossos resultados sugerem que o autocontrole
e a personalidade podem muito bem ser determinantes influentes
da aptidão darwiniana, ou seja, a capacidade de transmitir
genes para a próxima geração”, explicam
os cientistas.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay
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