07/03/2025
– Pesquisas recentes têm revelado a alarmante redução
das populações de aves em todo o mundo. Nos últimos
50 anos, Canadá e Estados Unidos perderam cerca de três
bilhões de aves, conforme estudos apontam. Contudo, um
trabalho conduzido pela Universidade de Vermont traz novas perspectivas
ao indicar que algumas espécies podem ser mais adaptáveis
às transformações do habitat do que se acreditava.
A pesquisa sugere que esforços de plantio urbano podem
desempenhar um papel crucial na conservação dessas
populações.
Harold Eyster, pesquisador da
Nature Conservancy e principal autor do estudo publicado no Journal
of Animal Ecology, analisou dados de aves reprodutoras na área
metropolitana de Vancouver entre 1997 e 2020. Paralelamente, foram
avaliadas mudanças na cobertura do solo, utilizando imagens
de satélite e aprendizado de máquina. Os resultados
mostraram uma diminuição de 26% nas populações
de aves no período, com quedas drásticas em espécies
como pardais, andorinhas e estorninhos, algumas chegando a perdas
de 80% a 90%.
Apesar das alterações
no habitat explicarem parte do declínio, o estudo indica
que os modelos ecológicos podem superestimar a influência
do habitat sobre as aves. Para Eyster, isso sugere a necessidade
de expandir pesquisas para contemplar a sobrevivência das
aves em períodos além da reprodução.
Ele destaca que "é essencial considerar como as paisagens
urbanas podem apoiar as espécies durante todo o ano, não
apenas em épocas específicas."
Brian Beckage, coautor do estudo e professor da Universidade de
Vermont, explica que a análise de dados longitudinais é
fundamental para compreender melhor as relações
entre mudanças ambientais e populações de
aves. Ele enfatiza que “esses dados permitem identificar
quais variáveis são realmente importantes e como
elas interagem ao longo do tempo.”
Mudanças locais
na paisagem, como a presença de quintais com arbustos ou
árvores frutíferas, também podem amenizar
os impactos negativos da urbanização. Por exemplo,
o estudo destacou o comportamento do Wren do Pacífico,
uma espécie que durante o outono e o inverno se adapta
a habitats urbanos, como sebes de cedro em quintais. Essa flexibilidade
sugere que espaços intermediários nas cidades, como
jardins e pequenos parques, são vitais para a sobrevivência
das aves.
Com mais da metade da população
mundial vivendo em áreas urbanas, os ambientes urbanos
oferecem oportunidades únicas para promover a interação
entre humanos e a fauna. Segundo os autores, iniciativas de plantio
urbano podem mitigar os efeitos das mudanças climáticas,
melhorar a qualidade do ar e fornecer habitats essenciais para
as aves.
As árvores urbanas, em
particular, desempenham múltiplos papéis: além
de oferecerem sombra e absorverem carbono, também fornecem
alimento e abrigo para diversas espécies. Beckage destaca
que plantar árvores “não só beneficia
a vida selvagem, mas também empodera as pessoas a tornarem
o mundo melhor de maneira prática e acessível”.
Embora as mudanças climáticas sejam frequentemente
apontadas como as principais responsáveis pelo declínio
das aves, o estudo ressalta que outros fatores, como perda de
habitat, mudanças no suprimento alimentar e competição
com espécies introduzidas, também desempenham papéis
significativos. Para Eyster, “desvendar essas complexas
relações exige compreender como os seres humanos
influenciam diretamente a sobrevivência das aves”.
A pesquisa conclui que estratégias
de conservação devem considerar tanto grandes reservas
naturais quanto os pequenos espaços urbanos. Assim, parques,
quintais e áreas arborizadas podem se tornar refúgios
essenciais para as aves e catalisadores de um convívio
mais harmônico entre humanos e a vida selvagem.
O estudo, financiado pelo Environment
and Climate Change Canada, contou ainda com a colaboração
de Kai M.A. Chan, da Universidade da Colúmbia Britânica,
e Morgan E. Fletcher, estudante da Universidade de Vermont. As
descobertas oferecem novas direções para iniciativas
que integrem soluções baseadas na natureza à
preservação da biodiversidade em um mundo em constante
transformação.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações de Agências Internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
|