16/06/2025
– Pesquisadores da Universidade de Utah realizaram uma análise
sobre as 216 extinções de aves desde 1500, visando
entender os fatores que contribuem para a ameaça de extinção.
A pesquisa, publicada no Avian Research, revelou que as aves mais
propensas à extinção eram endêmicas
de ilhas, incapazes de voar, de maior porte, com asas em ângulos
agudos e que ocupavam nichos ecologicamente específicos.
Esses fatores aumentam a vulnerabilidade dessas espécies,
ajudando na identificação de características
críticas para a conservação de aves ameaçadas.
Kyle Kittelberger, autor principal
da pesquisa e aluno de pós-graduação na Escola
de Ciências Biológicas, destacou que, embora algumas
descobertas já tenham sido observadas em pesquisas anteriores
sobre aves extintas, esta é a primeira a correlacionar
as características das aves com o momento de suas extinções.
A equipe de Kittelberger utilizou
o BirdBase, um banco de dados com informações ecológicas
de mais de 11.600 espécies de aves, compilado pelo professor
Çagan Sekercioglu e o Biodiversity and Conservation Ecology
Lab da Universidade de Utah. A análise investigou características
biogeográficas, ecológicas e de história
de vida associadas à extinção e risco de
extinção de aves, tanto as já extintas quanto
aquelas recentemente não avistadas. Kittelberger destacou,
em postagens no X, a importância de analisar as extinções
sob a perspectiva temporal, o que ajudou a compreender melhor
por que aves com certas características desapareceram em
momentos específicos.
As descobertas da pesquisa ajudam
a identificar as características que tornam as aves mais
vulneráveis à extinção, orientando
assim os esforços de conservação de muitas
espécies ameaçadas. Embora apenas cerca de 2% das
aves tenham sido extintas desde 1500, período em que começa
a análise de Kittelberger, muitas já haviam desaparecido
antes disso. Contudo, não há registros confiáveis
sobre extinções anteriores a 1500, nem dados detalhados
sobre as características dessas espécies.
A 'Akikiki (Oreomystis bairdi),
uma ave endêmica da ilha havaiana de Kauai, está
praticamente extinta, com apenas um indivíduo restante,
após se acreditar que havia cerca de 70 exemplares em 2022.
A principal ameaça à sua sobrevivência, como
a de muitas aves havaianas, são as espécies introduzidas,
como mosquitos transmissores de malária e o gado que destrói
habitats, segundo a Divisão de Silvicultura e Vida Selvagem
do Havaí. Kittelberger fotografou essa espécie na
Reserva Natural de Alaka'i em 2022.
O período a partir
de 1500 marcou o início da observação científica,
com a documentação sistemática da vida vegetal
e animal, e o começo da exploração europeia,
que causou a ruptura de ecossistemas devido à colonização
e introdução de espécies. Atualmente, 1.314
espécies de aves estão em risco de extinção,
o que representa cerca de 12% do total, segundo a Lista Vermelha
de Espécies Ameaçadas da IUCN.
A insularidade, ou a condição
de ser endêmico de ilhas, é a característica
mais crítica associada à extinção
de aves. Outras características, como tamanho do corpo,
formato das asas e especialização ecológica,
também estão frequentemente relacionadas à
insularidade. As ilhas do Pacífico abrigam muitas espécies
endêmicas, muitas das quais estão ameaçadas,
com o Havaí sendo o local com mais perdas de biodiversidade
aviária, com 34 extinções pós-1500.
A família de aves Rallidae foi a mais afetada, perdendo
26 membros, enquanto a família Mohoidae, composta por pequenos
pássaros canoros, foi totalmente extinta, com o último
membro, o Kauai O'o, visto pela última vez em 1987.
A equipe de Kittelberger ficou
surpresa ao descobrir que o formato da asa está correlacionado
com a extinção das aves. Espécies com asas
mais pontudas, ou seja, com um maior índice mão-asa,
tinham mais probabilidade de ter desaparecido, pois essas asas
indicam maior capacidade de voo e dispersão, o que permitiria
a adaptação a pressões ambientais. Por outro
lado, aves com asas mais arredondadas, com menores proporções
entre mãos e asas, mostraram maior resistência. A
pesquisa sugere que aves especialistas ecológicas, que
dependem de nichos específicos, são menos capazes
de se adaptar a mudanças como espécies invasoras
ou a perda de fontes de alimento, tornando-se mais vulneráveis
à extinção.
O estudo revelou que mais de 87%
das aves extintas eram endêmicas de ilhas, quase dois terços
viviam em florestas, 45% se alimentavam principalmente de insetos
e 20% eram incapazes de voar, total ou parcialmente. Além
disso, espécies com corpos grandes estavam super-representadas
entre as extintas. A década de 1890 foi a que registrou
o maior número de extinções, com 21 espécies,
e a década de 1980 também foi crítica, com
20 extinções, incluindo a do Kauai O'o. Embora esforços
de conservação já estivessem em andamento,
o estudo aponta que, apesar da diminuição da taxa
de extinção nas décadas seguintes, o número
de espécies globalmente ameaçadas continuou a crescer.
Mais informações:
Kyle D. Kittelberger et al, Correlatos do tempo de extinção
de aves ao redor do mundo desde 1500 EC, Avian Research (2024).
DOI: 10.1016/j.avrs.2024.100213
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay/IA
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