28/07/2025
– A migração de aves ao longo da costa leste
da Austrália, um fenômeno natural repleto de mistérios,
agora é compreendida em maior detalhe graças a uma
ferramenta inusitada: os radares meteorológicos. Essa tecnologia,
originalmente desenvolvida para monitorar condições
climáticas, permitiu que cientistas revelassem padrões
migratórios estruturados de aves pela região, conforme
publicado recentemente na revista Current Biology.
Pesquisadores da Universidade
de Queensland analisaram dados de radar coletados entre 2018 e
2022, descobrindo dois grandes fluxos migratórios anuais:
um movimento rumo ao norte, entre janeiro e junho, e outro em
direção ao sul, de julho a dezembro. No outono,
o estudo estimou que cerca de 60.000 aves migravam por quilômetro
anualmente.
O autor principal do estudo, Shi Xu, destacou que os radares meteorológicos
permitem observar movimentos no espaço aéreo, incluindo
aves, insetos e morcegos. Ele explicou que a tecnologia funciona
de maneira semelhante à medição de chuva,
capturando a quantidade de movimento em uma área.
Para distinguir aves de outros
organismos, como insetos, os pesquisadores utilizaram modelagens
matemáticas complexas. Richard Fuller, coautor da pesquisa,
explicou que as aves seguem uma rota que conecta Victoria e Tasmânia
à costa leste até a fronteira sul dos trópicos.
Segundo Fuller, compreender essas rotas é essencial, especialmente
diante do crescimento dos parques eólicos, que podem impactar
diretamente as rotas migratórias.
Diferente do hemisfério
norte, onde a migração de aves ocorre predominantemente
à noite, o estudo identificou níveis significativos
de migração diurna na Austrália. Essa peculiaridade
pode ser exclusiva das aves locais e reflete as condições
ambientais únicas do país.
Sean Dooley, da BirdLife Austrália,
ressaltou que a variabilidade nos horários e direções
das migrações parece ser influenciada pelas mudanças
climáticas sazonais. Ele destacou que áreas como
a Great Dividing Range e o Estreito de Bass são particularmente
relevantes, dado o potencial impacto de projetos de energia renovável
nessas regiões.
Embora os radares meteorológicos
tenham se mostrado eficazes em identificar a quantidade de aves
migrando, eles ainda não conseguem determinar as espécies
envolvidas. Para superar essa limitação, os pesquisadores
planejam cruzar os dados de radar com informações
obtidas por cientistas cidadãos, que registram avistamentos
em aplicativos de observação de aves.
Essas informações podem ser cruciais para a proteção
de espécies ameaçadas, como o papagaio-de-barriga-laranja
e o papagaio-veloz. Segundo Dooley, estudos detalhados podem auxiliar
na conservação de outras aves parcialmente migratórias,
como o papa-mel-regente, criticamente ameaçado.
Combinando tecnologia de ponta
e ciência cidadã, este campo de estudo emergente
promete não apenas revelar os segredos da migração
de aves na Austrália, mas também orientar esforços
de conservação em um mundo cada vez mais impactado
por atividades humanas.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações de Agências Internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay
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