21/11/2025
– Um casal de joão-de-barro (Furnarius rufus) foi
observado mantendo uma relação monogâmica
no mesmo território urbano por pelo menos dez anos, um
recorde entre aves passeriformes. A descoberta, feita pelo biólogo
Pedro Diniz, da UNESP, baseia-se em dados coletados desde 2014
no campus da Universidade de Brasília (UnB), onde o casal
foi anilhado. Segundo Diniz, trata-se do casal de passeriformes
mais longevo já registrado, o que destaca sua capacidade
de sobrevivência e reprodução prolongadas
em ambiente urbano.
O casal de joão-de-barro
foi monitorado por uma década no campus Darcy Ribeiro da
UnB, onde o biólogo Pedro Diniz estuda a espécie.
Anilhados em 2014 e recapturados em 2024, os mesmos indivíduos
foram identificados. Eles permaneceram no mesmo território,
com menos de um hectare, demonstrando fidelidade notável
tanto ao parceiro quanto ao local, reproduzindo-se e cantando
nas mesmas árvores e postes ao longo dos anos.
Ao longo dos dez anos de monitoramento,
o casal apresentou mudanças físicas e comportamentais,
especialmente a fêmea, que em 2024 estava mais magra e com
a plumagem desgastada. Os duetos vocais tornaram-se menos sincronizados
e mais lentos, mas mostraram melhorias em alcance e modulação.
Isso sugere que a longa convivência entre os parceiros pode
trazer benefícios para o desempenho vocal da espécie.
Em 2024, o casal apresentou atraso
na reprodução, iniciando a incubação
apenas no fim de outubro, enquanto outros casais já haviam
completado essa fase. Apesar disso, conseguiram criar dois filhotes
com sucesso, demonstrando eficiência como pais mesmo em
idade avançada. A monogamia social é comum em aves,
mas vínculos tão longos são raros entre passeriformes,
que geralmente mantêm pares por até sete anos. O
joão-de-barro, porém, já era conhecido por
suas relações duradouras e baixa infidelidade. Segundo
o pesquisador, a cooperação intensa entre os parceiros
em todas as etapas da reprodução contribui para
a longevidade do vínculo.
Para Diniz, o caso destaca
a importância de estudos de longo prazo na biologia animal,
pois vínculos duradouros como o do casal só são
revelados com observações contínuas. Ele
espera que a pesquisa incentive investigações semelhantes
sobre monogamia prolongada em outras aves e grupos animais. O
artigo, recém-publicado, sugere que comportamentos parecidos
podem existir em espécies aparentadas, mas menos acessíveis
à observação regular. Diniz conclui que o
estudo revela o quanto ainda há a descobrir sobre os hábitos
e relações dos animais ao nosso redor.
Apesar da imagem popular de casais
de aves que permanecem juntos por toda a vida, a realidade é
mais complexa. Cerca de 80% a 90% das espécies de aves
são socialmente monogâmicas, ou seja, formam pares
ao menos durante uma tentativa reprodutiva e dividem cuidados
com os filhotes. Dentro da monogamia social, há dois principais
tipos: a monogamia seriada, comum em zonas temperadas, em que
o casal se forma por apenas uma estação reprodutiva;
e a monogamia perene, típica de espécies tropicais
como o joão-de-barro, em que o par permanece unido por
várias estações, compartilhando tarefas como
cuidado dos filhotes e defesa do território.
É importante distinguir
monogamia social de fidelidade sexual. Em muitas espécies
de aves socialmente monogâmicas, ocorrem cópulas
extrapar, resultando em filhotes que não são geneticamente
do macho que os cria — um fenômeno chamado paternidade
extrapar. O joão-de-barro, no entanto, se destaca por apresentar
baixa taxa de infidelidade sexual. Estudos indicam que, na maioria
dos casos, os filhotes são realmente descendentes do casal
social, tornando a espécie um raro exemplo de monogamia
social aliada à relativa monogamia genética entre
as aves.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações de agências de notícias
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pick-upau
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